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Millena Marques
Publicado em 14 de maio de 2025 às 10:07
Denominado ‘O Semeador de Estrelas’, o líder religioso Divaldo Franco morreu por falência múltipla de órgãos na última terça-feira (13). Apesar de ter passado por um processo intenso de tratamento contra um câncer na bexiga, as últimas horas de Divaldo foram de paz, segundo a diretora-tesoureira da Mansão do Caminho, Tânia Menezes.
“Sempre resignado, sempre demonstrando a compreensão para o que a gente vive. Esse é um grande legado que ele deixa porque passou por um processo intenso de tratamento de radioterapia e quimioterapia. Em momento nenhum, ele desistiu, desanimou”, disse Tânia durante o velório de Divaldo, que ocorre nesta quarta-feira (14), no ginásio da Mansão do Caminho, em Pau da Lima.
O momento de desencarnação foi acompanhado por cerca de 15 pessoas, incluindo o presidente da Mansão do Caminho, Mário Sérgio Almeida. “Ele veio a desencarnar às 21h45, com a respiração mais ofegante no começo. Foi ficando mais suave. No final, praticamente desapareceu. Uma desencarnação tranquila, em um ambiente saudável. A gente sentia a presença dos bons espíritos naqueles instantes, que vieram recolher o nosso irmão para a grande viagem ao mundo espiritual”, disse Almeida.
O câncer foi diagnosticado depois que Divaldo sentiu um desconforto urinário, em 2024, mas não foi a causa da morte. Ele continuou o tratamento em casa, com períodos de internação. Em abril, a Mansão do Caminho informou que Divaldo tinha concluído o tratamento e estava em remissão, mas estava com dificuldade para reter nutrientes e precisava de uma sonda para se alimentar. Apesar dos problemas de saúde, o médium seguiu lúcido até o fim.
“Os seus últimos momentos foram em paz. Em paz com ele, com sua consciência, porque certamente nós sabemos que ele cumpriu muito bem a que se propôs antes de reencarnar”, continuou Tânia.
Nascido em 5 de maio de 1927, em Feira de Santana, na Bahia, Divaldo foi responsável por mais de 20 mil conferências, realizadas em mais de 2.500 cidades e 71 países ao redor do mundo. Com mais de 260 obras publicadas e mais de 10 milhões de exemplares vendidos, ele deixou um legado literário espírita que abrange mais de 200 autores espirituais nos mais diversos temas e gêneros textuais. Suas obras, traduzidas para 17 idiomas, continuam a iluminar o caminho de milhões de pessoas com consolo, esperança e espiritualidade. Médium missionário e multifacetado, Divaldo se tornou um dos maiores médiuns e oradores espíritas da atualidade.
Divaldo fundou, ao lado de Nilson de Souza Pereira (falecido em 2013), o Centro Espírita Caminho da Redenção (1947) e a Mansão do Caminho (1952), que hoje constituem um complexo educacional e socioassistencial, com 44 edificações, distribuídas em ruas, bosques e lago, em que são atendidas, diariamente, mais de 5 mil pessoas – crianças, jovens, adultos, idosos – que procuram ajuda material, educacional e espiritual. Tio Divaldo, como carinhosamente é chamado, foi também um pai e educador incansável, tendo adotado mais de 650 filhos, que cresceram nas antigas casas-lares da Mansão do Caminho. Por tudo isso, recebeu mais de 800 homenagens de instituições culturais, sociais, religiosas, políticas e governamentais, pela sua total doação às causas humanitárias.
“Inicialmente, ficaremos com uma lacuna porque as pessoas sempre ficam aguardando um substituto. Nós não temos substituto. Temos trabalhadores, voluntários, colaboradores que seguirão a proposta que ele iniciou”, continuou Tânia.
A diretora-tesoureira frequenta a Mansão do Caminho desde os 2 anos de idade e é trabalhadora voluntária da instituição há mais de 40 anos. “Eu sou voluntária com muita dedicação. Herdei isso dos meus pais, que também foram colaboradores durante décadas. A instituição prosseguirá com sua missão de amar e de servir. Vamos sentir falta, sem sombra de dúvidas. Tio Di viverá eternamente no coração de cada um de nós que aprendemos a amar. Ele nos ensinou a missão de prosseguir, amando e servindo, especialmente aos invisíveis. A nossa casa continuará servindo e seguindo com esta missão”, finalizou.
O enterro está marcado para quinta (14), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz, no bairro Nova Brasília.