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Maysa Polcri
Publicado em 17 de outubro de 2025 às 05:30
O que começou como um dia de celebração, logo se transformou em revolta para os moradores de Ubaíra, cidade de 18,6 mil habitantes do centro-sul baiano. A comunidade católica do município foi surpreendida com a derrubada de árvores de um terreno em frente à igreja matriz no Dia de Nossa Senhora Aparecida, no último domingo (12). >
O terreno, que pertencia a Diocese de Amargosa, foi vendido sem que a comunidade paroquial fosse consultada. Quem frequenta a Paróquia São Vicente Ferrer só soube da negociação imobiliária quando as máquinas derrubaram as árvores do tradicional espaço da cidade. Moradores contam que nem mesmo o padre foi avisado da negociação. >
A especulação imobiliária em um dos terrenos mais emblemáticos de Ubaíra provocou espanto e revolta. Uma audiência pública foi realizada nesta semana para debater o caso. Representantes da prefeitura informaram à reportagem que a gestão municipal avalia tomar medidas para evitar a construção no local. Para isso, seria preciso desapropriar o terreno. >
Segundo moradores da cidade, a venda foi intermediada por um escritório de advocacia da cidade de Amargosa. "Existia um canteiro de árvores centenárias, e o dono saiu derrubando tudo. Quando a comunidade consultou a prefeitura, veio à tona um documento autorizando a derrubada das árvores, mas a prefeitura diz que não foi comunicada da venda do imóvel", diz um morador. >
Venda de terreno pela Igreja revolta moradores em cidade na Bahia
A reportagem entrou em contato com a Procuradoria-Geral do Município, que confirmou não ter sido comunicada sobre a venda do imóvel. Ao CORREIO, o procurador-geral Ailton Rocha confirmou que medidas são avaliadas para evitar que uma construção tome o lugar do que antes era um espaço preservado. >
"Estamos avaliando tomar medidas no intuito de preservar a área, que é de interesse público", disse o procurador. Uma das estratégias estudadas é a desapropriação do terreno para que construções e desmatamento sejam proibidos. Questionada, a prefeitura informou que não tem ciência de outros casos de venda de terrenos pela Diocese de Amargosa em Ubaíra. >
A capela de São Vicente Ferrer começou a ser construída em 1841, pelo frei Antonio Spínola, e foi elevada à freguesia, em 1847, com o nome de São Vicente Ferrer da Areia. A história da cidade se confunde com a Igreja Católica. Em 1770, João Gonçalves da Costa recebeu a incumbência de dominar os indígenas que viviam às margens do rio Jiquiriçá. >
Na véspera do Natal do ano passado, a igreja foi reaberta após uma reforma que durou sete meses. O evento contou com a participação do bispo da Diocese de Amargosa, Dom Juraci Gomes de Oliveira. >
A reportagem entrou em contato com a diocese e solicitou entrevista sobre a venda do terreno em Ubaíra. A instituição disse não ter fontes disponíveis para tratar sobre o assunto e não enviou posicionamento sobre o caso. Enquanto isso, moradores da cidade aguardam com apreensão os próximos capítulos da história. >