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Carol Neves
Publicado em 24 de dezembro de 2025 às 09:58
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi transferido na manhã desta quarta-feira (24) da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, para o hospital DF Star, onde ficará internado para passar por uma cirurgia na hérnia. O procedimento, uma herniorrafia inguinal bilateral, está marcado para a quinta-feira (25), dia de Natal, e será a oitava cirurgia de Bolsonaro, que está com 70 anos. >
A saída da sede da PF ocorreu por volta das 9h30, com embarque pela garagem, conforme determinação judicial. O deslocamento até o hospital, que fica a poucos minutos do local, foi feito de forma discreta. Ainda nesta manhã, Bolsonaro deve dar início aos exames e protocolos pré-operatórios.>
A cirurgia foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na última quinta-feira (19). Na mesma decisão, o magistrado estabeleceu uma série de medidas de segurança e determinou que o ex-presidente fique internado em uma ala isolada, sem contato com outros pacientes. A transferência, segundo o despacho, deveria ocorrer “de maneira discreta, e o desembarque deverá ser feito nas garagens do hospital”.>
Bolsonaro está preso em Brasília
Bolsonaro está acompanhado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Os filhos Flávio e Carlos Bolsonaro solicitaram autorização para acompanhá-lo durante o procedimento, mas o pedido foi negado por Moraes. Caso queiram visitá-lo, deverão pedir autorização prévia à Justiça.>
Entre as determinações impostas pelo ministro estão a vigilância integral do custodiado durante toda a internação, com segurança 24 horas por dia. A Polícia Federal deverá manter, no mínimo, dois agentes na porta do quarto, além de equipes de prontidão dentro e fora do hospital. Também está proibida a entrada de computadores e telefones celulares no quarto, com exceção apenas de equipamentos médicos.>
De acordo com a defesa, após a cirurgia, Bolsonaro deverá permanecer internado para acompanhamento médico por um período estimado entre cinco e sete dias.>
Entenda o quadro de saúde>
Há cerca de uma semana, Bolsonaro passou por uma perícia médica realizada pelo Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal. O laudo apontou que ele apresenta hérnia inguinal bilateral, condição em que tecidos do interior do abdômen atravessam pontos enfraquecidos da musculatura da região da virilha, formando um abaulamento em ambos os lados.>
O problema pode provocar dor, inchaço ou desconforto, especialmente ao tossir, fazer esforço físico ou permanecer muito tempo em pé, embora também possa ser assintomático. Apesar disso, os peritos destacaram que não há indicação de urgência ou emergência, classificando a cirurgia como eletiva, indicada para melhorar a qualidade de vida do paciente.>
O tratamento cirúrgico é conhecido como herniorrafia inguinal. Trata-se de um procedimento considerado seguro e de baixo risco, geralmente com recuperação rápida quando realizado com técnicas modernas. A duração média da cirurgia é de cerca de três horas.>
Os peritos também avaliaram as crises de soluço persistente relatadas por Bolsonaro e consideraram tecnicamente adequado o bloqueio do nervo frênico, procedimento indicado quando os soluços não respondem a tratamentos convencionais. A previsão é que o ex-presidente realize apenas a herniorrafia neste momento, deixando o bloqueio do nervo frênico para outra ocasião. O bloqueio do nervo frênico é um procedimento realizado com anestesia local para diminuir temporariamente a atividade do nervo que comanda o diafragma. A técnica é utilizada em casos de soluços persistentes e costuma ser feita com orientação por imagem, como o ultrassom.>
Prisão>
Jair Bolsonaro está detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília desde 22 de novembro, após violar a tornozeleira eletrônica que utilizava. Ele confessou ter tentado abrir o equipamento com um ferro de solda.>
O ministro Alexandre de Moraes autorizou a cirurgia, mas negou o pedido de prisão domiciliar apresentado pela defesa. Segundo o magistrado, Bolsonaro cumpre pena em regime fechado, após condenação a mais de 27 anos de prisão por crimes contra o Estado Democrático de Direito>