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Caso Benício: polícia pede prisão de médica e técnica de enfermagem investigadas pela morte do menino

Criança de 6 anos morreu depois de receber adrenalina na veia

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 09:04

Médica Juliana Brasil Santos e a técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva
Médica Juliana Brasil Santos e a técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva Crédito: Reprodução/Rede Amazônica

A Polícia Civil do Amazonas pediu à Justiça a prisão preventiva da médica Juliana Brasil Santos e da técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva, investigadas pela morte de Benício Xavier, de 6 anos, em Manaus. O pedido foi feito após a revogação do habeas corpus preventivo que havia sido concedido à médica pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). A decisão do TJAM ocorreu quatro dias depois de a Justiça negar o mesmo benefício à técnica de enfermagem. A informação foi divulgada pela Rede Amazônica. 

O requerimento de prisão foi protocolado com o avanço das investigações conduzidas pelo 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP). Benício morreu na madrugada de 23 de novembro, poucas horas após receber adrenalina por via intravenosa, aplicada por Raiza e prescrita por Juliana na unidade de saúde onde foi atendido.

Durante a apuração, a Polícia Civil afirma que a médica reconheceu o erro em um documento enviado às autoridades e em mensagens trocadas com o médico Enryko Queiroz, nas quais pediu ajuda. A defesa de Juliana Brasil, no entanto, sustenta que a confissão ocorreu “no calor do momento”.

Benício Xavier de Freitas morreu após receber dose de adrenalina na veia em hospital de Manaus por Arquivo Pessoal

Uso de carimbo pode gerar novos crimes

Além da investigação por homicídio doloso por dolo eventual, a médica também pode responder por falsidade ideológica e uso de documento falso. A informação foi confirmada pelo delegado Marcelo Martins, responsável pelo caso.

Segundo ele, a polícia analisou a forma como Juliana se apresentava profissionalmente e identificou o uso de carimbo e assinatura com referência à especialidade de pediatria, mesmo sem possuir o título reconhecido.

“Nós realizamos um estudo a respeito da questão dela ter assinado a especialização pediatria no carimbo e ter assinado o nome dela com a expressão pediatria. Todas as regulamentações do Conselho Federal de Medicina indicam que o médico que não possui uma especialização não pode se identificar de nenhuma forma, com nenhuma referência a uma especialidade que ele não possui, e ela fez isso”, afirmou o delegado ao portal G1.

Ainda de acordo com Marcelo Martins, a conduta pode caracterizar dois crimes distintos. “Então, isso configura o crime de falsidade ideológica e o uso de documento falso. A investigação prossegue agora também com relação a esses dois crimes, além do homicídio doloso por dolo eventual”, disse.

A Polícia Civil segue colhendo depoimentos e analisando documentos para esclarecer as circunstâncias do atendimento e possíveis responsabilidades criminais.

Defesa cita atuação legal e experiência prática

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) permite que médicos obtenham o Título de Especialista em Pediatria (TEP) sem residência, por meio da aprovação em prova específica.

Em nota à Rede Amazônica, a defesa de Juliana afirmou que, apesar de ela não ter o título de especialista, é formada desde 2019 e atuava legalmente na área, com experiência prática acumulada. Os advogados também informaram que a médica pretendia realizar a Prova de Título neste mês de dezembro.

O que diz a família

Segundo o pai, Bruno Freitas, Benício foi levado ao hospital com tosse seca e suspeita de laringite. Ele contou que a médica prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa, de 3 ml a cada 30 minutos.

A família afirmou ao g1 que questionou a técnica de enfermagem ao ver a prescrição. De acordo com o pai, logo após a primeira aplicação, a criança apresentou piora repentina.

“Meu filho nunca tinha tomado adrenalina pela veia, só por nebulização. Nós perguntamos, e a técnica disse que também nunca tinha aplicado por via intravenosa. Falou que estava na prescrição e que ela ia fazer”, relatou.

Após a reação, Benício foi levado para a sala vermelha, onde o estado se agravou. A oxigenação caiu para cerca de 75%, uma segunda médica foi acionada e houve solicitação de leito de UTI. A transferência ocorreu no início da noite de sábado.

Na UTI, conforme o pai, o quadro piorou ainda mais. A equipe informou sobre a necessidade de intubação, realizada por volta das 23h, quando ocorreram as primeiras paradas cardíacas. Bruno contou que houve sangramento porque a criança vomitou durante o procedimento.

Depois disso, o menino apresentou instabilidade contínua e novas quedas na oxigenação. Minutos mais tarde, sofreu outra piora e não respondeu às tentativas de reanimação. A morte foi confirmada às 2h55 de domingo.

“Queremos justiça pelo Benício e que nenhuma outra família passe pelo que estamos vivendo. O que a gente quer é que isso nunca mais aconteça. Não desejamos essa dor para ninguém”, disse o pai.

Em nota, o Hospital Santa Júlia informou que uma médica e uma técnica de enfermagem foram afastadas de suas funções e que foi aberta uma investigação interna por meio da Comissão de Óbito e Segurança do Paciente.

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Benício Xavier de Freitas