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Como atuam os remédios que defesa diz terem causado 'alucinação' em Jair

Equipe médica suspendeu um dos medicamentos após episódio

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Carol Neves

  • Estadão

Publicado em 24 de novembro de 2025 às 08:19

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro Crédito: HUGO BARRETO/METRÓPOLES

A equipe médica de Jair Bolsonaro (PL) decidiu suspender um dos medicamentos usados pelo ex-presidente após ele relatar um episódio de confusão mental. No boletim assinado pelos médicos Claudio Birolini e Leandro Echenique, eles explicam que o remédio, prescrito por outra profissional, tinha potencial de interação com as medicações que Bolsonaro já utiliza para tratar crises de soluço. Segundo os médicos, esse fármaco poderia provocar “alteração do estado mental com a possibilidade de confusão mental, desorientação, coordenação anormal, sedação, transtorno de equilíbrio, alucinações e transtornos cognitivos”.

Eles afirmam ainda que o medicamento foi suspenso “imediatamente, sem sintomas residuais”, e que os ajustes necessários foram feitos, retomando o esquema anterior. O ex-presidente, segundo o boletim, “encontra-se estável do ponto de vista clínico e passou a noite sem intercorrências”.

A suspensão veio após o relato de Bolsonaro durante audiência de custódia neste domingo (23). Ele afirmou ter vivido uma “alucinação” e uma “certa paranoia” na noite de sexta-feira (21), quando tentou romper a tornozeleira eletrônica usando um ferro de solda. O ex-presidente atribuiu o episódio aos medicamentos pregabalina e sertralina.

O que dizem as bulas

A pregabalina, segundo sua bula, é um anticonvulsivo utilizado em casos de ansiedade e dor crônica. A sertralina é um antidepressivo da classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina, indicada para quadros depressivos e ansiosos.

Entre os efeitos colaterais mais comuns da pregabalina estão tontura, sonolência, visão turva, inchaço, boca seca e dificuldade de concentração. Já a sertralina costuma causar náusea, diarreia, perda de apetite, sudorese aumentada, tremores, agitação e disfunção sexual.

Associação entre remédios é comum, mas pode causar lentidão

Para a psiquiatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Flávia Zuccolotto, a combinação de pregabalina e sertralina não costuma apresentar riscos graves quando é acompanhada por um médico.

“Não há uma interação grave reconhecida entre elas. A principal soma de efeitos costuma ocorrer no aumento de sonolência, redução de atenção e lentidão psicomotora, especialmente no início do tratamento ou durante ajustes de dose”, explica.

Ela reforça que qualquer alteração de medicação deve sempre ser conduzida por um profissional de saúde.

Vídeo mostra tornozeleira de Bolsonaro após violação com ferro quente por Reprodução

Alucinações são consideradas raras

A médica destaca que alucinações não são efeitos típicos dessa associação: “são efeitos muito raros tanto da sertralina quanto da pregabalina, individualmente ou em conjunto”. Em situações excepcionais - doses altas, início do tratamento, vulnerabilidade neurológica ou psiquiátrica, ou consumo de substâncias depressoras do sistema nervoso central - podem ocorrer mudanças na percepção e momentos de confusão mental.

“Ou seja, pode acontecer, mas é incomum e não é considerado um efeito direto da associação das medicações”, afirma.

Ela também descreve como se manifestam os episódios alucinatórios.  "Elas podem ser auditivas (ouvir vozes), visuais (ver imagens ou figuras), táteis (sensações no corpo), olfativas (perceber odores inexistentes), entre outras. E a intensidade varia: algumas pessoas conseguem manter certas atividades, enquanto outras apresentam prejuízo mais evidente. A pessoa pode parecer distraída, falar sozinha, reagir a estímulos que não existem, expressar medo, agitação ou lentidão psicomotora, além de demonstrar desorganização do pensamento e do comportamento".

Medicamentos e risco de surto psicótico

Apesar dos relatos, a psiquiatra reforça que a combinação pregabalina–sertralina não costuma desencadear surtos psicóticos.

“Um surto psicótico não é uma consequência típica dessa combinação medicamentosa. Entretanto, indivíduos com maior vulnerabilidade prévia podem apresentar episódios de aceleração psíquica que gerem sintomas psicóticos durante o uso de antidepressivos como a sertralina. Em casos raros, pessoas predispostas podem ter alguma alteração da sensopercepção com doses altas de pregabalina, mas isso não caracteriza um quadro psicótico clássico”, finaliza.

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