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Carol Neves
Publicado em 31 de julho de 2025 às 07:42
A aplicação da Lei Magnitsky ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes colocou o Brasil no centro de um instrumento considerado um dos mais rigorosos da diplomacia dos Estados Unidos. A medida, que já foi adotada contra mais de 650 pessoas e entidades desde 2017, é voltada a indivíduos envolvidos com corrupção, violações de direitos humanos ou que facilitem tais atos.>
O caso de Moraes se diferencia pela motivação política explicitada pelo governo Donald Trump. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, acusou o ministro de estar por trás de uma suposta perseguição ilegal a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, “Alexandre de Moraes assumiu para si o papel de juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas dos Estados Unidos e do Brasil”. >
Alexandre de Moraes
Apesar da controvérsia envolvendo Moraes, a Lei Magnitsky tem histórico de sanções a figuras públicas acusadas de atos graves. Confira alguns dos casos anteriores:>
Mohammad Khalid Hanafi (Afeganistão)>
Membro da ala radical do Talibã, foi punido em 2023. Como ministro da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, lidera a chamada "polícia moral" que impõe rígidas leis islâmicas. Há denúncias de sua responsabilidade por sequestros, execuções e punições físicas públicas.>
Renel Destina (Haiti)>
Chefe de uma gangue ligada a sequestros, incluindo de cidadãos americanos e funcionários da Unicef. É acusado pelo Conselho de Segurança da ONU de praticar estupros, assassinatos e destruição de propriedades. Está na lista de procurados do FBI.>
Horacio Cartes (Paraguai)>
Ex-presidente paraguaio, foi alvo da medida após o fim de seu mandato, acusado de participar de esquemas de corrupção, propina e contratos suspeitos durante seu governo entre 2013 e 2018.>
Carrie Lam (Hong Kong)>
Ex-chefe do Executivo de Hong Kong, foi sancionada por sua atuação na implementação da lei de segurança nacional, que restringiu liberdades civis e levou à repressão de protestos.>
Apollo Quiboloy (Filipinas)>
Pastor acusado de abusos sexuais contra meninas, tráfico de mulheres e exploração sexual por mais de dez anos. Também está na lista de procurados pelo FBI.>
Ramzan Kadyrov (Chechênia)>
Governador da Chechênia, foi sancionado por seu envolvimento em mortes, desaparecimentos e torturas de críticos e jornalistas. Há suspeitas de que tenha mantido campos de concentração para homossexuais em 2017.>
Além disso, a lei já foi aplicada a: >
- Assessores de Mohammed bin Salman, da Arábia Saudita, responsabilizados pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.>
- Dirigentes do Partido Comunista Chinês, por repressão sistemática.>
- Membros de facções criminosas na América do Sul, ligados a lavagem de dinheiro com conexões no Brasil.>
- Grupos terroristas do Iraque e Afeganistão.>
O que é a Lei Magnitsky>
Criada em 2012 durante o governo de Barack Obama, a legislação foi pensada inicialmente para punir responsáveis pela morte do advogado Sergei Magnitsky na Rússia, após ele denunciar corrupção estatal. Em 2016, a lei foi ampliada para abranger violadores de direitos humanos e corruptos de qualquer país.>
Conhecida como “pena de morte financeira”, a medida permite o bloqueio de bens, contas bancárias, imóveis e investimentos em território americano. Também impede que os sancionados realizem operações através do sistema bancário dos EUA ou utilizem cartões de crédito internacionais emitidos por empresas com sede no país.>
Mesmo fora dos Estados Unidos, ativos em dólar de pessoas atingidas pela lei podem ser congelados.>