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Entenda como vai funcionar o plano de R$ 30 bilhões contra o tarifaço de Trump

Pacote, lançado nesta quarta (13), tem ações divididas em três eixos

  • Foto do(a) author(a) Monique Lobo
  • Monique Lobo

Publicado em 13 de agosto de 2025 às 16:31

Exportação de algodão
Produtos brasileiros estão sob tarifa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump  Crédito: Divulgação

O Plano Brasil Soberano, pacote de contingências para ajudar as empresas impactadas pela taxação de 50% a produtos brasileiros imposta pelo presidente Donald Trump, foi lançado nesta quarta-feira (13), pelo Governo Federal.

A medida conta com ações separadas em três eixos: fortalecimento do setor produtivo; proteção aos trabalhadores; e diplomacia comercial e multilateralismo.

Com o objetivo de proteger exportadores brasileiros, preservar empregos, incentivar investimentos em setores estratégicos e assegurar a continuidade do desenvolvimento econômico do país, o plano vai direcionar R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) em linhas crédito para as empresas afetadas.

Além disso, o projeto conta com outras ações. Confira mais detalhes sobre as principais medidas:

Eixo 1

Linhas de crédito

  • R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) serão usados como funding [captação de recursos para investimento] para concessão de crédito permitindo taxas acessíveis;
  • Prioridades por: dependência do faturamento em relação às exportações para os EUA; tipo de produto e porte de empresa. Serão priorizados os mais afetados;
  • As pequenas e médias empresas também poderão recorrer a fundos garantidores para acessar o crédito;
  • O acesso às linhas estará condicionado à manutenção do número de empregos.

Prorrogação de prazos do regime de drawback

  • Extensão excepcional do prazo para comprovação da exportação de produtos fabricados a partir de insumos importados ou adquiridos no Brasil com suspensão tributária;
  • O governo vai prorrogar, por um ano, o prazo para que as empresas consigam exportar suas mercadorias que tiveram insumos beneficiados pelo regime. Esses produtos poderão ser exportados para os EUA ou para outros destinos. Com isso, elas não terão que pagar multa e juros se não conseguirem exportar aos EUA no prazo originalmente previsto;
  • A medida vale para as empresas que contrataram exportações para os Estados Unidos que seriam realizadas até o final deste ano. Dos 40 bilhões de dólares exportados em 2024 para os Estados Unidos, 10,5 bilhões de dólares foram realizados via regime de drawback [regime aduaneiro especial];
  • A prorrogação não tem impacto fiscal, pois apenas posterga o prazo para cumprimento dos compromissos de exportação assumidos pelas empresas brasileiras.

Diferimento de tributos federais

  • A Receita Federal fica autorizada a fazer diferimento de cobrança de impostos para as empresas mais afetadas pelo tarifaço;
  • Como funcionará: adiamento do pagamento dos próximos dois meses para empresas mais afetadas.

Compras públicas: apoio a produtores rurais e agroindústrias

  • De forma extraordinária, por ato infralegal [atos ou regulamentos que não possuem força de lei], União, Estados e Municípios poderão fazer compras para seus programas de alimentação (para merenda escolar, hospitais etc) por meio de procedimento simplificado e média de preço de mercado, garantidos a transparência e o controle dos processos;
  • A medida vale apenas para produtos afetados pelas sobretaxas unilaterais.

Modernização do sistema de exportação

  • Ampliação das regras da garantia à exportação, instrumento que protege o exportador contra riscos como inadimplência ou cancelamento de contratos;
  • As mudanças visam fortalecer empresas exportadoras de média e alta intensidade tecnológica e investimentos produtivos em economia verde;
  • O Plano Brasil Soberano permitirá que bancos e seguradoras utilizem essa garantia em mais tipos de operações;
  • Prevê mecanismos de compartilhamento de risco entre governo e setor privado, utilizando o Fundo Garantidor do Comércio Exterior (FGCE) como mecanismo de primeiras perdas, aumentando o acesso a crédito e reduzindo custos.

Fundos garantidores

  • Aportes adicionais de R$ 1,5 bilhão no Fundo Garantidor do Comércio Exterior (FGCE), de R$ 2 bilhões no Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), do BNDES, e R$ 1 bilhão no Fundo de Garantia de Operações (FGO), do Banco do Brasil, voltados prioritariamente ao acesso de pequenos e médios exportadores.

Novo Reintegra para empresas afetadas

  • O Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários (Reintegra) para as Empresas Exportadoras devolve aos exportadores brasileiros parte dos tributos pagos ao longo da cadeia produtiva, na forma de crédito tributário, ajudando a reduzir custos e aumentar a competitividade no mercado externo;
  • A medida antecipa os efeitos da Reforma Tributária, desonerando a atividade exportadora;
  • Atualmente, empresas de grande e médio porte de produtos industrializados têm alíquota fixada em 0,1%; enquanto micro e pequenas, por meio do programa Acredita Exportação, recebem de volta 3% de alíquota;
  • A medida aumenta em até 3 pontos percentuais o benefício para empresas cujas exportações de produtos industrializados foram prejudicadas por medidas tarifárias unilaterais. Ou seja, para continuarem competitivas no mercado norte-americano, grandes e médias empresas passam a contar com até 3,1% de alíquota, e as micro e pequenas, com até 6%;
  • As novas condições do Reintegra valerão até dezembro de 2026 e terão impacto de até R$ 5 bilhões.

Eixo 2

Criação da Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego para monitorar o nível de emprego nas empresas e suas cadeias produtivas, fiscalizar obrigações, benefícios e acordos trabalhistas, e propor ações voltadas à preservação e manutenção dos postos de trabalho.

Entre as atribuições:

  • Acompanhar diagnósticos, estudos e informações relativas ao nível de emprego nas empresas e subsetores diretamente afetados pelas tarifas dos EUA;
  • Ampliar a análise para identificar impactos indiretos na geração e manutenção de empregos em empresas da cadeia produtiva;
  • Monitorar obrigações, benefícios e repercussões nas folhas de pagamento decorrentes de acordos para preservar empregos e mitigar os efeitos das tarifas dos EUA;
  • Promover negociação coletiva e mediação de conflitos para manter o emprego;
  • Aplicar mecanismos relacionados a situações emergenciais, como lay-off [suspensão temporária do contrato de trabalho] e suspensão temporária de contratos, dentro da lei;
  • Fiscalizar o cumprimento das obrigações acordadas e a manutenção dos empregos por meio da Inspeção do Trabalho;
  • Utilizar a estrutura regional das Superintendências do Trabalho para engajar trabalhadores e empregadores em negociações para atender às necessidades das empresas afetadas;
  • Monitorar a concessão e o pagamento de benefícios trabalhistas aos empregados das empresas diretamente afetadas.

Eixo 3

Ampliação e diversificação de mercados, reduzindo a dependência das exportações brasileiras em relação aos Estados Unidos.  

  • Negociações concluídas: União Europeia; Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA);
  • Em negociação: Emirados Árabes Unidos e Canadá;
  • Em processo de diálogo: Índia; Vietnã.