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Gilberto Barbosa
Publicado em 6 de novembro de 2024 às 22:18
Os Estados Unidos já conhecem o seu novo presidente. O empresário Donald Trump, do Partido Republicano, teve a sua vitória confirmada na manhã desta quarta-feira (6) após conseguir os 270 votos necessários para garantir a maioria no colégio eleitoral americano. Até a noite de quarta, Trump tinha 295 votos, contra 226 da candidata derrotada Kamala Harris.
Para a especialista em Relações Internacionais e professora da Universidade do Arizona, Brenda Borges Aguiar, a vitória de Donald Trump representa a permanência de uma agenda conservadora na sociedade brasileira e latino-americana, mesmo com a eleição de políticos do campo progressista nos últimos anos.
“Isso pode ser visto nos comentários de matérias jornalísticas com as pessoas celebrando o resultado. O Brasil continua com uma forte presença de políticos com um discurso agressivo que busca retomar uma realidade onde eles tinham mais poder. A eleição também impacta na economia brasileira, com o aumento do valor do dólar. Isso pode fazer com que as grandes companhias tenham a preferência por um presidente que esteja mais alinhado com os Estados Unidos”, afirmou.
Esse será o segundo mandato do republicano, eleito pela primeira vez em 2016. Ele se candidatou a reeleição em 2020, mas foi derrotado pelo atual presidente Joe Biden. Assim como há oito anos, o resultado foi bastante comemorado por políticos conservadores e ligados ao campo da extrema direita, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que esperam impulsionar suas ambições para retomar o controle do Palácio do Planalto.
Em postagem na rede social X (antigo Twitter), Wilson Gomes, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a eleição americana foi o “primeiro turno da eleição presidencial brasileira”. Para ele, o mote de “salvar a democracia” usado por políticos progressistas não encontram mais apoio entre a população, que teria perdido o medo de votar em candidatos de extrema direita.
“Os progressistas precisam de um novo discurso, uma nova atitude e uma nova visão de mundo para ontem, ou ninguém vai segurar essa porta em 2026. A esquerda e as verdadeiras preocupações dos brasileiros precisam ser apresentadas. Urgentemente”, afirmou.
Além das questões políticas, a eleição americana teve impactos na economia brasileira. O preço do dólar subiu na manhã desta quarta, chegando à cotação máxima de R$5,86. Durante o dia, a moeda teve queda de 1,26%, fechando em R$5,67.
Em entrevista ao portal Correio Braziliense, a cientista política e especialista em Relações Internacionais e Relações Governamentais, Denilde Holzhacker, afirmou que o resultado reforça os anseios bolsonaristas de retomada do poder. Ainda assim, as eleições municipais de 2024 apontam a preferência do eleitor por uma direita mais tradicional.
“Vai depender do estado da economia e da capacidade do governo de responder às demandas da esquerda e centro esquerda. É um sinal de alerta importante para a esquerda brasileira, como também para a latino-americana. O voto latino foi uma sinalização de que é a perspectiva de as questões ligadas a agendas dominadas pela direita no mundo tem uma tração muito forte no voto latino nos Estados Unidos e provavelmente isso se reflete também nas dinâmicas locais em cada um dos países", relatou.
*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva