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Carol Neves
Publicado em 13 de novembro de 2025 às 12:23
A nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quarta-feira (13) pela Polícia Federal em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), teve como um dos alvos o ex-ministro do Trabalho e Previdência José Carlos Oliveira, que comandou a pasta no governo de Jair Bolsonaro. Ele vai usar tornozeleira eletrônica por determinação judicial. >
As medidas da operação, que incluem 63 mandados de busca e apreensão e 10 de prisão preventiva, foram autorizadas pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF). As ações ocorreram em 14 estados - entre eles São Paulo, Minas Gerais, Maranhão e Pernambuco - além do Distrito Federal.>
Prisão e outros alvos>
Durante a operação, a PF também prendeu o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto, nomeado pelo governo Lula em julho de 2023 e exonerado em abril de 2025. Ele é investigado por suposta participação em uma fraude bilionária no instituto, estimada em R$ 6,3 bilhões.>
Outros dois políticos também foram alvo de mandados de busca e apreensão: o deputado federal Euclydes Petterson (Republicanos-MG) e o deputado estadual Edson Araújo (PSB-MA). O UOL procurou o gabinete de Petterson e tenta contato com a defesa de Araújo.>
Ex-ministro e ligação com investigados>
José Carlos Oliveira, que recentemente adotou o nome Ahmed Mohamad Oliveira Andrade após se converter ao islamismo, é ligado a integrantes de entidades investigadas por realizar descontos indevidos em benefícios do INSS. Entre elas está a Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais), apontada por movimentações financeiras atípicas que somam R$ 796,8 milhões entre 2022 e 2025, segundo relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).>
A Conafer e seus dirigentes também foram alvos da PF nesta operação.>
Carreira e depoimento>
Servidor de carreira do INSS, Oliveira foi aposentado em 6 de outubro deste ano, no topo da carreira, conforme portaria publicada no Diário Oficial da União. Ele já havia sido presidente do INSS entre novembro de 2021 e março de 2022, antes de assumir o Ministério do Trabalho e Previdência, onde permaneceu até dezembro de 2022, sucedendo Onyx Lorenzoni.>
Em setembro, o ex-ministro prestou depoimento à CPMI do INSS, quando declarou que só tomou conhecimento dos descontos irregulares em 2023, após a deflagração da primeira fase da Operação Sem Desconto.>
A defesa de José Carlos Oliveira ainda não se manifestou.>