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Motoboy que ficou cego após beber uísque com metanol tem alta após 45 dias e lembra sintomas: 'Queimava'

Wesley Pereira, de 31 anos, diz que ajudava os pais financeiramente e se preocupa com futuro

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 9 de outubro de 2025 às 13:10

Wesley Neves
Wesley Neves Crédito: Reprodução

Foram 45 dias entre tubos, remédios e incertezas até que o motoboy Wesley Neves Pereira, de 31 anos, deixasse o hospital nesta quarta-feira (8). Magro e com dificuldades para andar, ele voltou para casa após sobreviver a uma grave intoxicação por metanol — substância usada indevidamente em bebidas alcoólicas adulteradas.

O problema começou em um sábado de festa. Wesley comprou uma garrafa de uísque para levar a um baile funk. “Fechada. Garrafa fechada”, lembra ele, que falou em entrevista à TV Globo. Questionado se chegou a verificar o lacre, respondeu: “Não cheguei a olhar não. A gente só bebeu mesmo".

No dia seguinte, o que parecia ressaca virou desespero. “Dor na barriga. Eu falei: ‘Mãe, está doendo muito. Pegando fogo, está queimando’. Aí ela falou: ‘Calma, filho, calma’”, conta o motoboy, ainda com voz fraca. A intoxicação comprometeu os pulmões, o levou à intubação e provocou um AVC.

Agora, com uma cicatriz da traqueostomia no pescoço e movimentos limitados, Wesley tenta se readaptar. “Muita fraqueza no movimento, mobilidade ruim. Eu tenho que ficar tomando remédio direto para dor nas pernas”, relata. “A  visão eu perdi também.”

Para a irmã, Sheily Pereira Neves, o reencontro é ao mesmo tempo motivo de alívio e tristeza. “Muito difícil. Ai, gente! A gente vê ele como ele era e como ele está...”, diz, emocionada. “Uma pessoa que estava bem, que saiu para se divertir... e voltar nesse estado.”

O oftalmologista Fábio Ejzenbaum, que acompanha casos semelhantes, explicou que a recuperação é demorada e pode ser incompleta. “É um tratamento de longo prazo, em alguns casos multidisciplinar. E talvez, se a gente for falar da visão, é talvez uma reeducação, um modo desses pacientes aprenderem a viver de outra maneira, já que as sequelas, na maioria das vezes, não são reversíveis.”

Enquanto segue com terapias e medicamentos, Wesley diz se preocupar com o futuro e espera que as investigações sobre as bebidas contaminadas avancem. “Eu ajudo meu pai e minha mãe. Eu queria poder ajudar. Não poderia ficar doente”, lamenta.