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Monique Lobo
Publicado em 9 de outubro de 2025 às 17:44
Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso anunciou sua aposentadoria nesta quinta-feira (9). O anúncio foi feito após o final da sessão da Corte. >
Com a voz embargada, Barroso disse que "é hora de seguir outros rumos". Emocionado, ele utilizou um lenço para enxugar as lágrimas e interrompeu a fala algumas vezes.>
Veja momentos da carreira de Luís Roberto Barroso no STF
"Por 12 anos e pouco mais de três meses, ocupei o cargo de ministro deste Supremo Tribunal Federal, tendo sido presidente nos últimos dois anos. Foram tempos de imensa dedicação à causa da Justiça, da Constituição e da Democracia. A vida me proporcionou a benção de servir ao país retribuindo o muito que recebi sem ter qualquer interesse em fazer o que é certo, justo e legítimo para ter um país maior e melhor", falou.>
Ele também acrescentou o que espera para a sua aposentadoria: "Gostaria de viver um pouco mais da vida que me resta sem a exposição pública, as obrigações e as exigências do cargo, com mais espiritualidade, literatura e poesia". >
Em sua fala, Barroso também abordou o período recente "da agressividade e da intolerância". "Reafirmo a minha fé nas pessoas, no bem, na boa fé, na boa vontade, no respeito ao próximo e na gentileza sempre que possível".>
Ele também dedicou um momento para falar diretamente a cada colega de plenário. Para Gilmar Mendes, a quem ele disse que a vida o afastou e aproximou, ele agradeceu pela "parceria valiosa". A Carmen Lúcia, muito emocionado, Barroso teceu elogios sobre a "integridade pessoal e compromissos com o Brasil" que "irradiam uma luz que ilumina esse tribunal e inspira pessoas Brasil a fora". Para Dias Toffoli, disse que "a capacidade de gestão e sensibilidade fizeram enormes diferenças para o tribunal". >
Sobre Luiz Fux, Barroso lembrou da amizade desde os tempos em que ele "estava nos bancos escolares": "estar ao seu lado aqui no tribunal todos esses anos foi motivo de alegria e orgulho para mim". Já sobre Alexandre de Moraes, Barroso destacou a "dedicação ao trabalho, ao país e à causa da proteção das instituições". Ele também completou, com a voz embargada, que era solidário "com os preços pessoais elevados que está tendo que pagar e um dia a história haverá de reconhecer e reparar". >
Ao falar para Cássio Nunes Marques, o ministro desejou sorte na futura "missão importante" com a presidência do Supremo Tribunal Eleitoral (STE). Para André Mendonça, Barroso renovou o "carinho e admiração por sua integridade, fidelidade aos próprios valores e a seriedade com que lida com os grandes problemas nacionais". >
Sobre Cristiano Zanin, Barroso destacou a "fidalguia, discrição e imensa competência". "Sou muito feliz por havermos nos tornado amigos", adicionou. A Flávio Dino, ele disse que "sua cultura, brilhantismo e senso de humor faz a vida de todos nós mais leve e agradável". Por fim, o presidente Edson Fachin, ele afirmou que parte seguro "de que o tribunal está sendo conduzido pelo que há de melhor no país tem termos de honestidade, propósito, de idealismo e de competência". >
Barroso ainda estendeu seu carinho ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, aos assessores e todos os servidores da Casa. Ele também agradeceu à imprensa no que classificou de "tempos de desinformação e de perda da importância da verdade". "Nunca precisamos tanto da imprensa oficial que se move pela ética e pela técnica jornalística. [...] Mentir precisa voltar a ser errado de novo". >