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Padarias e postos de combustível: o que se sabe sobre esquema de lavagem de dinheiro do PCC

Megaoperação mirou 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas e revelou ecossistema crimonoso

  • Foto do(a) author(a) Yan Inácio
  • Yan Inácio

Publicado em 1 de setembro de 2025 às 16:36

Posto de gasolina e padaria apontados como empresas de fachada
Posto de gasolina e padaria apontados como empresas de fachada Crédito: Reprodução/G1 Campinas/Redes sociais

Uma megaoperação revelou um esquema bilionário de fraude no setor de combustíveis controlado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) na última quinta-feira (28). A operação, batizada de Carbono Oculto, mirou 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas. As investigações identificaram que o grupo criminoso utilizava uma rede de postos de gasolina e fintechs para desviar e ocultar recursos de origem ilícita.

O grupo controlava cerca de 1,2 mil postos e operava de forma organizada, antecipando-se a fiscalizações e usando usinas de etanol, distribuidoras, transportadoras, fintechs e fundos de investimento da Faria Lima.

O empresário Mohamad Hussein Mourad é apontado como o epicentro do esquema criminoso. Ele é o principal alvo da megaoperação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, e da Receita Federal.

O esquema tinha início no Porto de Paranaguá, no Paraná, com a importação clandestina de produtos químicos como metanol e nafta, desviados de indústrias químicas para adulterar gasolina e etanol. Especialistas alertam que o metanol é altamente tóxico, podendo causar perda de visão e falência de órgãos.

Para abastecer a rede criminosa e lavar dinheiro, a quadrilha adquiriu ao menos cinco usinas de etanol endividadas no interior de São Paulo, pagando até 43% acima do valor de mercado em algumas operações.

Sem faturamento até 2019, a empresa chegou a quase R$ 800 milhões em 2021, e parte do dinheiro foi transferida para o empresário Rafael Renard Gineste, preso ao tentar fugir de lancha em Santa Catarina. O transporte do combustível adulterado era feito por caminhões da G8 Log, ligada a Mohamed Hussein Murad, conhecido como Primo.

Padarias, postos de combustíveis faziam parte do esquema

Além da produção de combustível adulterado, os criminosos também controlavam um grande esquema de lavagem de dinheiro, com o uso de estabelecimentos como postos de combustíveis E padarias. 19 postos de combustíveis foram citados em decisões do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Sete dos 19 postos são de Armando Hussein Ali Mourad, irmão de Mohamed, e todos estão localizados no estado de Goiás. São eles: Auto Posto Vini Show (Senador Canedo); Auto Posto Dipoco (Catalão); Posto Santo Antonio do Descoberto (Santo Antônio do Descoberto); Posto Futura JK (Jataí); Posto Futura Niquelândia (Niquelândia); Auto Posto Parada 85 (Goiânia); e Auto Posto da Serra (Morrinhos). Os demais postos estão espalhados por cidades de São Paulo e também pertencem a pessoas investigadas por ligação com o PCC.

Já as padarias usavam empresas com nomes similares para confundir a fiscalização, além de “laranjas” como testa de ferro para os empreendimentos, segundo a investigação. A empresa Dubai Administração de Bens Ltda. foi apontada pela investigação como administradora da rede de padarias do PCC, que já chegou a figurar em um ranking das melhores da capital paulistana.

Os sócios iniciais, de acordo com o MP, são Hussein Ali Mourad e Tarik Ahmad Mourad, investigados pelo esquema. Maria Edenize Gomes e Ellen Bianca de Franca Santana Resende são descritas como “laranjas” do grupo. Os criminosos usavam empresas com nomes similares para confundir a fiscalização.

Tharek Majide Bannout, outro dos investigados no esquema dos postos de combustíveis. também aparece como sócio de diversas padarias, são elas:

NOVA SALAMANCA PAES E DOCES LTDA;

NOVA IRACEMA PAES E DOCES LTDA;

BELA SUIL PADARIA E CONFEITARIA LTDA;

NOVA COPACABANA PADARIA E CONFEITARIA LTDA;

BELLA PORTUGAL PADARIA E CONFEITARIA LTDA.

Já as duas “laranjas”, Maria Edenize Gomes e Ellen Bianca de Franca Santana Resende foram reconhecidas como proprietárias dos seguintes estabelecimentos:

SALAMANCA PAES E DOCES LTDA;

IRACEMA DA ANGELICA PAES E DOCES LTDA;

CONFEITARIA E ROTISSERIA IRACEMA LTDA;

IRACEMA SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS LTDA.

As padarias ficam localizadas em bairros nobres de São Paulo. A Salamanca fica na Vila Campestre, enquanto a Iracema está localizada na Avenida Angélica, no bairro da Santa Cecília. Os estabelecimentos seguem funcionando normalmente após a deflagração da operação e fizeram publicações em seus perfis nas redes sociais no último sábado (30).

Carretas da empresa foram abandonadas na Bahia

Ao menos 22 carretas carregadas de combustível da empresas G8LOg e Moskal, pertencentes a empresários ligados ao esquema, estavam em um posto em Camaçari na sexta-feira (29). De acordo com a TV Bahia, os veículos não foram abandonados e estavam com motoristas.

Os bens da G8LOg foram sequestrados judicialmente, o que impede que os veículos rodem normalmente, mas a empresa não pode se desfazer deles. A Polícia Federal (PF) foi procurada para informar quais são as empresas remetentes e os destinatários dessas cargas, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.