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Carol Neves
Publicado em 10 de novembro de 2025 às 18:02
Durante o período em que esteve presa, Elize Matsunaga escreveu o manuscrito "Piquenique no Inferno", obra em que relata sua versão sobre o assassinato do marido, Marcos Kitano Matsunaga, e expressa o desejo de se reconciliar com a filha, afastada desde o crime. >
O crime ocorreu em 19 de maio de 2012, no apartamento do casal, em São Paulo. Elize foi condenada por matar e esquartejar o herdeiro da Yoki e passou anos reclusa até conquistar o regime aberto, em 2022. Atualmente, mora em Franca, no interior paulista, e não pode deixar a cidade.>
O livro foi escrito à mão, em um caderno, durante o período em que Elize cumpria pena na Penitenciária Feminina de Tremembé. O texto, ainda inédito oficialmente, mescla trechos em primeira e terceira pessoa, recurso que ela usa para narrar sua própria história ora como observadora, ora como protagonista. >
Elize Matsunaga foi condenada por matar e esquartejar marido
O manuscrito e o pedido de perdão>
No livro, Elize mistura lembranças e reflexões pessoais, alternando trechos em primeira e terceira pessoa. O texto traz seu pedido de perdão à filha e passagens que, segundo ela, ajudam a explicar os momentos que antecederam o crime. Trechos da obra foram divulgados pelo portal G1 em 2022.>
“Espero muito ansiosamente que um dia você me perdoe. Não pretendo justificar o injustificável”, escreveu Elize em determinado momento. “Não há a menor possibilidade de desistir de lutar por ti, minha filha.”>
Elize afirma que reagiu após ser ofendida e humilhada pelo marido e descreve o instante do disparo como um momento de medo extremo. “A cabeça de Elize parecia um torvelinho. Um caos. Um turbilhão de palavras e sentimentos, entre eles o medo, tão perigoso... Foi então que o dedo no gatilho fez seu trabalho...”>
A ex-detenta também menciona traumas anteriores à vida conjugal, afirmando ter sofrido violência sexual do padrasto aos 15 anos.>
Relação com a filha>
Desde 2012, a filha de Elize, que hoje tem 15 anos, vive sob a guarda dos avós paternos, Mitsuo e Misako Matsunaga. A Justiça proibiu qualquer contato entre mãe e filha, medida que permanece em vigor.>
O jornalista Ullisses Campbell, autor de Elize Matsunaga: A mulher que esquartejou o marido, relata que a prisão rompeu completamente o vínculo familiar. Segundo ele, os avós chegaram a tentar retirar o nome de Elize da certidão de nascimento da neta. Em entrevista citada na obra, o avô declarou que, quando atingir a maioridade, a jovem decidirá se deseja ou não retomar o contato com a mãe.>
Enquanto isso, Elize tenta, por meio da Justiça, obter o direito de se comunicar com a filha, até agora sem sucesso.>