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A violência de Dado Dolabella e a defesa de Wanessa Camargo como alerta para todas nós

Sobre o básico: quanto mais mulheres minimizam agressões, mais homens se sentem livres para agredir

  • Foto do(a) author(a) Flavia Azevedo
  • Flavia Azevedo

Publicado em 26 de agosto de 2025 às 06:00

Wanessa e amigo estavam na mesma festa q
Wanessa e amigo estavam na mesma festa Crédito: Reprodução | Redes Sociais

Todo dia, surgem casos de violência masculina extrema contra mulheres, e ainda assim algumas continuam a minimizar agressões e permanecer em vínculos que poderiam romper. "O que é isso, vai culpar as vítimas?", você pode estar pensando aí e te convido a pensar como uma pessoa adulta. Pode ser? O relacionamento de Dado Dolabella com Wanessa Camargo é o exemplo concreto de uma realidade que é PARTE do problema e quero trazer aqui. Veja que mesmo diante de um histórico de agressões físicas e psicológicas, Wanessa continua a proteger publicamente o ex-parceiro, além de manter relação íntima com ele. Nenhuma novidade. Historicamente, mulheres toleram tanto que homens se sentem seguros para agredir e depois dormir ao lado das próprias vítimas, sem o menor medo de morrer. Mas vamos observar o caso - inclusive a ficha de Dado -  para analisar e entender.

O histórico de violências de Dado Dolabella é imenso. Em 2008, foi condenado por agredir a atriz Luana Piovani e a camareira Esmeralda Honório em uma boate no Rio de Janeiro. Piovani relatou um "tapa gigante na cara", enquanto Esmeralda teve ambos os braços machucados ao tentar intervir. A condenação inicial - 2 anos e 9 meses em regime aberto e R$ 40 mil de indenização - foi parcialmente anulada pelo TJ-RJ, sob o argumento de que Piovani não seria "uma mulher oprimida", relativizando a aplicação da Lei Maria da Penha. O Ministério Público precisou recorrer para reafirmar que a lei protege todas as mulheres contra violência doméstica masculina, independentemente de status ou percepção de vulnerabilidade.

A agressividade de Dolabella se repetiu com outras mulheres. A ex-companheira Viviane Sarahyba denunciou agressões físicas durante o casamento e obteve medidas protetivas. Em 2014, ele foi condenado por injúrias e pichações em seu carro, com pena convertida em serviços comunitários. Em 2020, Marina Dolabella, prima e ex-namorada, registrou boletim de ocorrência relatando tapas, socos e puxões de cabelo, resultando em medida protetiva. A repetição desses comportamentos mostra que a violência de Dolabella segue padrões previsíveis e escalonados, independentemente de repercussão pública ou medidas legais. Até aqui, já tenho motivos suficientes para trocar de calçada se ele vier andando em minha direção. Mas não é "apenas" isso.

Além do contexto doméstico, Dolabella apresentou comportamentos violentos em situações públicas e profissionais. Em 2014, empurrou um produtor da Record no Caribe; em 2003, quebrou a mesa do apresentador João Gordo com um machado; e foi preso duas vezes por não pagar pensão alimentícia. Esses episódios mostram que sua impulsividade não se limita à intimidade, e os sinais de alerta estão sempre presentes para qualquer pessoa - principalmente mulher - que se relacione com ele. Porém, Wanessa "ama" Dado, pelo jeito.

O vínculo de Dolabella com Wanessa Camargo, que se estende desde os anos 2000, é marcado por ciclos de aproximação e afastamento, discussões intensas e ciúmes obsessivos. No episódio do último dia 21, envolvendo Dolabella, Wanessa e Luan Pereira - amigo de Wanessa - a escalada de violência ficou, mais uma vez, evidente. Relatos indicam que Dolabella empurrou Luan ao vê-lo abraçar Wanessa, fazendo-o tropeçar em uma lixeira. Há comentários de que Dado também teria empurrado Wanessa, mas ela minimizou publicamente, descrevendo tudo como "uma crise de ciúmes" e um "momento infeliz".

Repare que o Brasil registra níveis alarmantes de feminicídios, e a violência masculina contra mulheres tem se intensificado. Conforme sabemos, homens violentos apresentam alta reincidência, enquanto a defesa do agressor e a percepção de impunidade sustentam um ciclo estrutural de violência. No caso de Wanessa, a tolerância e a defesa de Dado Dolabella demonstram como a "compreensão" feminina, o fato de "perdoarem" legitima comportamentos abusivos, permitindo que homens se sintam confiantes em manter proximidade com as vítimas e repetir os crimes. O pensamento deles é: "aconteça o que acontecer, ela fica".

Se a gente quer viver com dignidade, é preciso não permitir. Para isso, é essencial reconhecer e nomear comportamentos abusivos: ciúmes que controlam são violência, empurrões e intimidações são violência, esmurrar paredes é violência, gritos e xingamentos também são violência. Mulheres precisam sentir mais ódio quando são atacadas e agir. Reconhecer padrões e se proteger é cada vez mais urgente. Quem está de fora deve apoiar quem busca romper. Mulheres não são incapazes; são agentes conscientes de suas escolhas e podem se proteger quando informadas, apoiadas e fortalecidas.

Ao defender Dado publicamente, Wanessa reproduz uma dinâmica de muitas vítimas: proteger o agressor, minimizar a gravidade dos atos e manter um vínculo mesmo diante de riscos evidentes. Esse padrão raramente leva a desfechos positivos. Se não termina em tragédia, minimamente conduz a uma vida marcada por medo, insegurança e submissão. Não se trata de culpar Wanessa ou qualquer outra vítima e eu espero, sinceramente, que você tenha entendido isso. O ponto aqui é mostrar que, muitas vezes, perdemos grandes oportunidades de mudar a rota e evitar desfechos horríveis. O conceito de "amor" que nos ensinaram frequentemente distorce a percepção de respeito e segurança, eu sei. Mas sempre - sempre! - é tempo de aprender.

(Todos os fatos mencionados neste texto foram amplamente divulgados, por diversos veículos, na mídia tradicional, ao longo dos anos.)

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