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Bruno Wendel
Publicado em 24 de julho de 2023 às 05:00
A Bahia sempre esteve entre os estados mais violentos no Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Só que o levantamento deste ano apontou que seis cidades com a maior taxa de mortos violentas do país. E não para por aí. Se a gente considerar até 20º lugar, teremos mais cinco cidades, entre elas Salvador (12º). Mas qual a leitura disso? Os dados só reforçam que a violência tomou uma proporção enorme. Há muitos anos o interior deixou de ser uma região aprazível porque facções que antes só existiam na capital encontraram muita facilidade para expansão.>
Dos 417 municípios, 291 só têm atualmente uma dupla de PMs para garantir a segurança, como Iaçu e Jandaíra, segundo a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra). Então, não adianta propaganda com novas viaturas, se não há efetivo suficiente e nem dinheiro para o combustível. Tampouco inaugurar delegacia, se não há policiais civis, internet ... >
Os muros de nada servem. A violência quando não pula, atravessa paredes, janelas das escolas e em risco a vida de alunos, professores e funcionários. Os casos de aulas suspensas na Bahia têm vários motivos, desde traficantes que se refugiam da polícia nas unidades a “balas perdidas” que atingem salas, diretoria, cozinha. Não é à toa que 1,8 mil estudantes ficaram sem aula neste ano, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB).>
Foram 46 unidades de ensino. O caso mais recente é o tradicional Colégio Estadual Luiz Viana, em Brotas, que está com as portas fechadas há uma semana e sem previsão de reabrir. Então, se a educação é a única forma de combater a violência, isso quer dizer que essa “guerra” na Bahia está perdida? Fica a reflexão. >
Na quinta-feira, uma viatura da PM foi apedrejada por homens e mulheres no bairro de Pernambués. A ação aconteceu depois que os policiais desceram atrás de suspeitos. Quando retornaram com os presos, um deles foragido da Justiça, a surpresa: os vidros estavam quebrados. Ora, se há algum descontentamento com a ação policial, existem canais para denúncia como o comando da unidade, Corregedoria da PM e Ouvidoria do estado. Mas atacar uma viatura é dano qualificado ao patrimônio público, previsto no Art. 163 do Código Penal, com prisão de até três anos. E se a intenção foi orquestrada, aí entra também o Art. 288, que é associação criminosa, com três anos de reclusão.>