Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Bruno Wendel
Publicado em 30 de abril de 2025 às 13:59
Embora tenha funcionado em outros estados, o acordo entre as duas maiores organizações criminosas do país, Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), firmado em fevereiro deste ano, não se aplicou na Bahia. Mas o que isso tem a ver com o fracasso da trégua? Tudo.>
O motivo já tinha sido apontado pelo CORREIO. Segundo o Ministério Público de São Paulo, ficou difícil implementar a trégua devido às rixas e à expansão do CV em algumas regiões do país. No caso da Bahia, o maior da região Nordeste, o CV tem autonomia, ou seja, não é obrigado a seguir as decisões da cúpula carioca. A mesma autonomia não acontece com o PCC, onde todos seguem os líderes de São Paulo. >
Essa divergência é potencializada pela quantidade de grupos independentes, deixando o cenário do tráfico difícil de se negociar, com tantos posicionamentos diferentes. Para se ter ideia, a Bahia é o estado com o maior número de organizações criminosas do país - são pelo menos 21.>
A expansão do CV na Bahia foi outro problema para a trégua. Em Salvador, desde 2020, quando o CV se firmou na capital, passou a enfrentar com unhas e dentes - e com fuzis e granadas - seus adversários, principalmente o Bonde do Maluco (BDM), que ainda mantém laços com o PCC. >
Nesta semana, por exemplo, o grupo carioca atacou a área do BDM no Lobato, onde carros foram incendiados, em resposta à morte de advogado, que teria uma relação íntima com o CV. No interior do estado, a situação não é diferente. Os conflitos intensos resultaram em mortes dos dois lados. >
Um outro fator foi a chegada à Bahia do Terceiro Comando Puro (TCP), principal rival no Rio do CV, que pôs mais lenha nesta fogueira. A parceria TCP/BDM deflagou uma série de conflitos em áreas do Comando, como na comunidade de Vila Verde, em Salvador, Santo Amaro da Purificação e Jacobina. >