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Mais do que uma jornalista brilhante, Wanda Chase foi um farol para toda uma geração de profissionais negros na comunicação

Em um tempo em que a diversidade não era um valor amplamente reconhecido na mídia, ela ocupou espaços, desafiou padrões e abriu caminhos para quem veio depois

Publicado em 4 de abril de 2025 às 05:00

Wanda Chase
Wanda Chase Crédito: Reprodução/Instagram

"Sua autenticidade brilhava nos diálogos desconstruídos e descontraídos com os artistas baianos, que sempre a reverenciavam e respeitavam. Ela era o símbolo da elegância afrocentrada, nunca alisou o cabelo, sempre o usando no estilo curto e crespo, nem deixou de usar roupas e batons de cores fortes, ou diminuiu seu sorriso largo para seguir um padrão visual 'pastoso', mesmo que isso significasse receber olhares questionadores."

Assim descrevo Wanda Chase no meu primeiro livro, "Comunicação Antirracista: um guia para se comunicar com todas as pessoas, em todos os lugares". E falo Wandinha, como um apelido carinhoso, que misturava respeito, afeto e amor. Porque, na verdade, ela era uma gigante! Não tinha nada de pequeno no modo de ser e existir da amazonense mais baiana que a Bahia já teve.

Wanda Chase foi mais do que uma jornalista brilhante; ela foi um farol para toda uma geração de profissionais negros na comunicação. Em um tempo em que a diversidade não era um valor amplamente reconhecido na mídia, ela ocupou espaços, desafiou padrões e abriu caminhos para quem veio depois. Sua trajetória não apenas consolidou seu nome, mas serviu como inspiração para inúmeras mulheres negras que sonhavam em ocupar o telejornalismo.

Eu tive a sorte de tê-la na banca do meu projeto de conclusão de curso, em dezembro de 2010. Lembro do frio na barriga ao convidá-la, ainda como estagiária, para avaliar meu trabalho. Wanda foi generosa, crítica e atenta, e aquele momento ficou marcado como um dos mais importantes da minha jornada. Mais tarde, tive a honra de trabalhar com ela: eu no jornal Correio, ela na TV Bahia. Realizar o sonho de dividir espaços profissionais com alguém de quem eu era fã foi um privilégio imensurável.

Wanda não apenas narrava histórias; ela as transformava. Seu olhar afiado para pautas raciais e sua habilidade em conduzir entrevistas fizeram dela uma jornalista singular. Seu compromisso com uma comunicação que respeitasse a identidade negra baiana era inegociável. Por onde passava, elevava a autoestima de seu povo, trazendo para o centro da cena a beleza e a riqueza cultural de Salvador e da Bahia.

Wanda Chase nos deixou neste plano, e com ela se vai uma parte essencial do jornalismo baiano. Nascida no Norte do país, mas profundamente enraizada na Bahia, Wanda era uma mulher amazônida-baiana, que fez de Salvador seu lar e de sua voz uma trincheira de luta e resistência.

A cidade perde uma de suas grandes referências. Wanda Chase era Salvador, era Bahia, era Amazônia, era Brasil. Seu legado não se apaga. Seu nome segue vivo na história e na memória de quem teve o privilégio de vê-la transformar a comunicação e fortalecer a nossa identidade. Wanda para sempre!

Midiã Noelle, escritora, jornalista, mestra em cultura e fundadora do Instituto Commbne.