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Agência Correio
Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 06:00
A síndrome do bebê azul é um termo usado para descrever a presença de cianose em recém-nascidos e bebês pequenos, ou seja, quando a pele, os lábios, as unhas ou outras regiões de pele fina ficam com tonalidade azulada ou arroxeada. >
Isso pode acontecer desde o nascimento ou surgir nas primeiras semanas e meses de vida, e geralmente indica que o sangue está circulando com menos oxigênio do que o necessário. A coloração costuma aparecer com mais destaque em áreas como lábios, lóbulos das orelhas e leitos ungueais, justamente porque ali a pele é mais fina. >
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Em condições normais, o sangue sai do coração em direção aos pulmões, recebe oxigênio e retorna ao coração para ser distribuído ao restante do corpo. Quando há um problema no coração, nos pulmões ou no sangue, essa oxigenação pode falhar, o que explica a mudança de cor.>
Além da pele azulada, alguns sintomas podem acompanhar o quadro e ajudam a reconhecer sinais de alerta. Entre eles estão irritabilidade fora do padrão, respiração rápida ou com esforço, batimentos acelerados, recusa para mamar, baixo ganho de peso, sonolência excessiva e letargia. >
A orientação é procurar atendimento médico imediatamente se a coloração azulada surgir junto com falta de ar, piora progressiva, dificuldade importante para mamar, moleza ou qualquer episódio em que o bebê pareça “apagar”. Em bebês muito pequenos, alterações respiratórias e mudança de cor podem evoluir rápido, por isso a avaliação deve ser feita sem demora quando houver dúvida.>
As causas da síndrome do bebê azul podem ser congênitas ou ligadas a fatores ambientais. Uma parte importante está associada a defeitos cardíacos congênitos, como a tetralogia de fallot, que é uma combinação de alterações no coração capazes de reduzir o fluxo de sangue para os pulmões e permitir que sangue pobre em oxigênio circule pelo corpo. >
Esse quadro pode envolver, por exemplo, um orifício na parede que separa os ventrículos e uma obstrução que dificulta o fluxo do ventrículo direito para a artéria pulmonar. Outras alterações também podem estar relacionadas, como truncus arteriosus, quando o bebê nasce com uma artéria única para levar sangue do coração ao corpo, em vez de duas, além de casos em que a válvula pulmonar pode estar ausente. >
Existem ainda condições como atresia tricúspide e atresia pulmonar, em que válvulas que deveriam direcionar o sangue em um único sentido não funcionam adequadamente, restringindo o fluxo de sangue oxigenado. Em alguns bebês, o defeito do canal atrioventricular permite a mistura de sangue oxigenado e desoxigenado, o que pode levar à cianose e a outros problemas. >
A hipertensão pulmonar também entra na lista, principalmente quando as artérias dos pulmões são poucas, estreitas ou têm alterações que elevam a pressão, dificultando o fluxo sanguíneo e a oxigenação.>
Uma causa importante, especialmente em bebês menores de seis meses, é a metemoglobinemia, que pode ocorrer por exposição a nitratos. Isso pode acontecer quando o bebê recebe fórmula preparada com água de poço sem controle adequado ou quando consome alimentos com alto teor de nitrato em preparações caseiras, como espinafre e beterraba. >
Em bebês muito novos, o sistema gastrointestinal ainda é mais sensível e pode converter nitrato em nitrito com mais facilidade. O nitrito, ao circular no organismo, favorece a formação de metemoglobina, uma forma de hemoglobina que até pode carregar oxigênio, mas não o libera de maneira eficiente para os tecidos. >
Por isso, mesmo havendo oxigênio “preso” nessa forma, o corpo não recebe o que precisa, e a tonalidade azulada pode aparecer. A metemoglobinemia também pode ser congênita em casos raros. >
Além disso, fatores genéticos explicam boa parte dos defeitos cardíacos congênitos, e alguns quadros, como a síndrome de down, podem vir associados a problemas cardíacos. Condições maternas mal controladas, como diabetes tipo 2, também podem aumentar o risco de alterações no desenvolvimento do bebê.>
Quando não tratada, a síndrome do bebê azul pode trazer complicações graves, porque a falta de oxigênio afeta o funcionamento de órgãos e pode comprometer o bem-estar geral, com risco de evolução fatal em situações mais severas. Para diagnosticar, o profissional de saúde faz exame físico e solicita testes conforme a suspeita clínica. >
Além de exames de sangue, podem ser pedidos eletrocardiograma, ecocardiograma, radiografia de tórax, cateterismo cardíaco e teste de saturação de oxigênio, entre outros, para entender a origem do problema. Se a origem for cardíaca, a prioridade é corrigir ou controlar o defeito, o que pode envolver acompanhamento especializado e procedimentos específicos. >
Se a causa for metemoglobinemia por nitratos, medicamentos prescritos podem reverter o quadro, além da interrupção da fonte de exposição.>
Em termos de prevenção, as causas congênitas não são evitáveis, mas dá para reduzir riscos externos com medidas práticas. Uma delas é evitar o uso de água de poço para preparar fórmulas, especialmente sem análise e controle de qualidade. >
Outra é ter cuidado com alimentos ricos em nitrato, como espinafre, brócolis, beterraba e cenoura, principalmente em fases muito iniciais e sempre com orientação pediátrica. Durante a gestação, recomenda-se evitar drogas ilegais, cigarro e álcool, manter o pré-natal em dia e controlar doenças maternas, como diabetes, quando existirem.>
A síndrome do bebê azul é um sinal que precisa ser levado a sério, mas não significa que não haja caminho. Embora não exista um método único de prevenção ou uma solução “padrão” para todos os casos, muitas causas podem ser tratadas de forma eficaz quando identificadas cedo, e os avanços no diagnóstico e no cuidado reduziram os riscos mais graves.>