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Agência Correio
Publicado em 11 de dezembro de 2025 às 07:00
"Errei muito com o Google Glass". Foi assim que Sergey Brin, um dos fundadores do Google, resumiu sua experiência com o óculos de realidade aumentada (AR) durante o Google I/O 2025, conferência anual da companhia voltada para desenvolvedores. A aposta, considerada revolucionária à época, foi lançada inicialmente para um grupo restrito de entusiastas por US$ 1.500, o equivalente a hoje R$ 11,5 mil. >
Embora tenha provocado grande expectativa e sido tratada como potencial substituta dos smartphones, o produto jamais se consolidou. Sergey reconheceu que, quando o dispositivo foi lançado, em 2013, não tinha conhecimento suficiente sobre a complexa cadeia de produção de produtos eletrônicos, o que comprometeu desde o desenvolvimento até o preço final. >
Internet nos óculos - o fim do celular?
Mesmo com o tropeço, o Google não abandonou a ideia dos óculos inteligentes. A empresa voltou ao tema com uma nova abordagem e apostando em avanços de inteligência artificial, agora com o Android XR. Brin afirma que, com a tecnologia atual e com tudo o que aprendeu ao longo dos anos, essa nova fase tem muito mais chances de funcionar do que a tentativa anterior. >
Brin admite que o Google Glass esbarrou principalmente em falhas de estratégia e execução. Sem experiência na fabricação de eletrônicos de consumo, ele subestimou o peso da logística, dos componentes, da distribuição e de todas as etapas que tornam um produto viável e acessível. Essa falta de preparo acabou comprometendo o projeto desde o início.>
Além disso, o Glass prometia mais do que podia entregar. A tecnologia disponível na época não era suficiente para cumprir totalmente a visão futurista apresentada ao público. Mesmo sendo tratado como um produto acabado, o dispositivo carregava limitações de design, produção e custos que dificultavam sua adoção em larga escala.>
Quase uma década depois de encerrar o Google Glass, o Google voltou a apostar nos óculos inteligentes, desta vez com uma proposta bem mais madura. Durante o Google I/O 2025, a empresa apresentou o Android XR, que deve servir de base para uma nova geração de dispositivos vestíveis.>
O grande diferencial agora é a parceria com empresas experientes em cada etapa do processo, incluindo nomes como Samsung e Warby Parker. Para Brin, contar com especialistas em design, produção e distribuição faz toda a diferença. Ele afirma estar animado com essa nova rede de colaboradores, que contribui para transformar o projeto em algo realmente viável.>
A principal mudança entre o antigo Google Glass e os novos óculos inteligentes está no avanço gigantesco da inteligência artificial. Com sistemas de IA mais robustos, é possível oferecer recursos realmente úteis no dia a dia — como traduções instantâneas, assistência contextual e respostas rápidas — sem que o usuário se sinta constantemente distraído.>
Brin ressalta que a tecnologia atual finalmente permite que os óculos façam coisas que ajudam de verdade no cotidiano, de forma prática e integrada. Para ele, o cenário atual coloca os smart glasses em um patamar de funcionalidade muito superior ao da época do Glass, o que abre espaço para uma adoção mais ampla.>
Ao admitir publicamente seus erros, Brin sinaliza uma postura de aprendizado que pode contribuir para produtos mais sólidos e bem elaborados. O Google parece ter compreendido onde errou e, desta vez, aposta em uma combinação mais realista de tecnologia, parcerias e planejamento.>
Se o Android XR entregar o que promete — preço acessível, boa usabilidade e integração profunda com IA — os novos óculos inteligentes podem finalmente conquistar o grande público. E, assim, aquilo que começou como um experimento ousado e cheio de problemas pode se transformar em um caso de sucesso.>