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Agência Correio
Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 08:52
A canadense Jillian Bowman decidiu assumir os cabelos grisalhos durante a pandemia, deixando de lado a tintura que usou por anos. A escolha, que parecia apenas estética, acabou revelando um comportamento diferente diante do mercado de trabalho. >
Aos 52 anos, com uma carreira consolidada em marketing e gestão de mudanças, ela percebeu que, no cotidiano, passou a ser tratada com mais gentileza. Em entrevistas de emprego, porém, a reação foi oposta.>
Cabelo tingido
A experiência foi relatada posteriormente em uma entrevista ao portal americano de notícias e negócios Business Insider. >
Na reportagem, Bowman relata que, após deixar os cabelos naturais, os recrutadores passaram a agir de forma diferente. Perguntas técnicas relevantes, comuns em processos anteriores, praticamente desapareceram.>
Em vez de discutir suas funções atuais e sua atuação recente, as entrevistas passaram a se concentrar em cargos exercidos muitos anos antes, como se sua experiência mais recente tivesse perdido valor.>
Em um dos casos, uma recrutadora jovem explicou que evitou perguntas técnicas porque Bowman a fazia lembrar da própria mãe, que, segundo ela, não tinha familiaridade com smartphones. Para Bowman, o comentário deixou evidente um viés etário.>
Outras situações reforçaram essa percepção. Amigos e profissionais de recursos humanos chegaram a sugerir que ela usasse fotos antigas nos currículos, de uma época em que ainda pintava o cabelo.>
Em outra entrevista, ouviu que era “madura demais” para integrar determinada equipe, apesar de anteriormente ter sido considerada uma candidata ideal para a vaga.>
Esses episódios, segundo Bowman, revelam como características físicas podem influenciar avaliações profissionais, mesmo quando a qualificação permanece a mesma.>
De acordo com o relato ao Business Insider, Bowman não atribui a ausência de propostas apenas à cor do cabelo ou à idade. Ainda assim, ela afirma ter enfrentado preconceito etário em grande parte das candidaturas.>
Ela destaca que nunca teve dificuldades em trabalhar com líderes mais jovens. O que chamou atenção, porém, foi o fato de sua ampla experiência em transformação digital e estratégia ter sido pouco valorizada.>
O mais frustrante, segundo ela, é a ideia de que a aparência natural possa, por si só, limitar oportunidades profissionais, independentemente da competência.>
Bowman ressalta que habilidades como adaptabilidade, pensamento estratégico e experiência são ainda mais relevantes em um cenário de rápidas mudanças tecnológicas.>
A influência de características pessoais nos processos seletivos também aparece em análises recentes de especialistas. Um CEO afirmou à CNBC que paixão e autoconhecimento são mais importantes do que um currículo impecável.>
Segundo ele, empresas buscam cada vez mais profissionais com capacidade de trabalhar em equipe, aprender continuamente e demonstrar motivação genuína.>
Dados do LinkedIn reforçam essa visão, indicando que habilidades comportamentais têm ganhado peso nas contratações.>
Ao mesmo tempo, gestores de RH alertam para os riscos de valorizar excessivamente ego ou perfeccionismo.>
Para muitas empresas, a combinação entre entusiasmo e consciência dos próprios limites já é vista como um dos principais indicadores de sucesso profissional no longo prazo.>