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Cães conseguem detectar Parkinson anos antes dos sintomas; veja como entender os sinais

Pesquisa britânica revela que cães identificam Parkinson com até 98% de precisão antes dos primeiros sintomas

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 30 de julho de 2025 às 07:30

Golden retriever e labrador detectam
Golden retriever e labrador detectam "assinatura química" da doença em amostras de pele Crédito: Imagem gerada por IA

Num laboratório na Inglaterra, dois cães fizeram descobertas que máquinas ainda não conseguem. Bumper, um golden retriever de 4 anos, e Peanut, um labrador de 5, identificaram com precisão pacientes com Parkinson apenas pelo cheiro de amostras de pele. O estudo, realizado por três instituições britânicas, abre novas possibilidades para diagnóstico precoce.

Cães têm a capacidade de farejar sinais de doenças por Shutterstock

"Esses cães detectaram padrões que escapam aos nossos equipamentos", explicou Nicola Rooney, especialista em comportamento animal da Universidade de Bristol e líder do estudo, ao portal Parkinson's News Today. A pesquisa mostrou que alterações no sebo (óleo natural da pele) podem ser a chave para identificar a doença anos antes dos sintomas motores aparecerem.

Como os cães foram treinados

O treinamento durou entre 9 meses e 1 ano. Os animais analisaram inicialmente 205 amostras e depois foram testados com 100 novas – 40 de pacientes não tratados e 60 de pessoas saudáveis. O método de recompensa com petiscos mostrou-se eficaz para manter a motivação dos cães.

"Eles trabalham por amor à comida e ao elogio", brincou Claire Guest, fundadora da Medical Detection Dogs, organização pioneira no treinamento de cães para fins médicos. A precisão alcançada – até 98% em alguns casos – supera muitos métodos convencionais de triagem.

A ciência por trás da descoberta

Os pesquisadores identificaram que pacientes com Parkinson produzem compostos químicos específicos no sebo. Bumper acertou 80% dos casos positivos e descartou corretamente 98% dos saudáveis. Peanut teve desempenho ligeiramente menor, mas ainda impressionante.

"Esta assinatura olfativa é consistente e detectável", afirmou Perdita Barran, professora de química na Universidade de Manchester, que estuda essas alterações há anos. A descoberta confirma observações feitas décadas atrás por Joy Milne, uma enfermeira escocesa com olfato extraordinário.

Joy Milne percebeu mudanças no cheiro do marido 12 anos antes do diagnóstico dele. "Era um odor diferente, difícil de descrever", contou ela em entrevistas. Sua capacidade rara – chamada hiperosmia – chamou a atenção de cientistas em 2015 e deu início a esta linha de pesquisa.

"O caso de Joy nos mostrou que o Parkinson tem um cheiro característico", disse Barran. Agora, a equipe trabalha para transformar essa descoberta em testes práticos que possam ser usados em clínicas e hospitais.

O futuro do diagnóstico neurológico

Os próximos passos incluem:

  1. Expandir o treinamento para mais cães farejadores.
  2. Desenvolver dispositivos eletrônicos que imitem essa capacidade.
  3. Criar exames acessíveis baseados nas descobertas químicas.

Enquanto a tecnologia não alcança a sensibilidade do faro canino, Bumper e Peanut continuam sendo os melhores "diagnosticadores" de Parkinson do mundo – provando que a natureza ainda tem muito a nos ensinar sobre medicina.