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Ana Beatriz Sousa
Publicado em 9 de junho de 2025 às 12:52
Quase 35 anos após sua morte, a arte e irreverência de Cazuza continuam vivas. No dia 12 de junho, estreia no Shopping Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, a maior exposição já dedicada ao cantor, ícone do rock nacional. Intitulada Cazuza Exagerado, a mostra conta com nove salas interativas que mergulham na trajetória do artista, desde a infância até seus últimos dias. >
Com curadoria de Ramon Vasconcelos, a exposição reúne mais de 700 peças do acervo pessoal do cantor, entre elas manuscritos de músicas, fotos inéditas, figurinos, cartas, brinquedos e até a camisola de batismo feita pela própria mãe, Lucinha Araújo. A produção só foi possível graças ao trabalho de Lucinha, que durante décadas guardou cuidadosamente os pertences do filho.>
"Essa exposição só acontece porque a Lucinha nunca deixou a memória do Cazuza desaparecer", destacou o curador ao Fantástico, que teve acesso exclusivo à montagem do espaço.>
Cazuza
Entre os destaques da mostra está o manuscrito original da música Exagerado, com versos cortados e anotações feitas por Cazuza durante madrugadas de inspiração. "Ele escrevia trancado no quarto. Eu catava os papéis no lixo depois e guardava tudo", revelou Lucinha, emocionada.>
A exposição também apresenta uma reprodução do camarim do Canecão, onde o cantor fez sua última apresentação. Também estão expostas suas máquinas de escrever, a escrivaninha que usava para compor, bilhetes escritos à mão e um mural com fotos pessoais. Há ainda uma sala dedicada ao programa do Chacrinha, com quem Cazuza teve forte ligação.>
Além dos objetos, a mostra conta com depoimentos de 80 amigos, artistas e parceiros musicais que acompanharam a jornada do cantor. Nomes como George Israel, parceiro na canção Brasil, estão entre os homenageados.>
Cazuza, cujo nome de batismo era Agenor de Miranda Araújo Neto, cresceu cercado de música. Filho do produtor fonográfico João Araújo, fundador da Som Livre, o cantor teve contato próximo com nomes como Gal Costa, Caetano Veloso, Elis Regina e João Gilberto.>
Diagnosticado com HIV, ele faleceu em julho de 1990, aos 32 anos, vítima de um choque séptico decorrente da Aids. Para Lucinha, manter viva a história do filho é uma missão de vida: "Ele se foi, mas está presente no coração de todos os brasileiros. Quando um jovem canta uma música dele, é como se ele renascesse.">
A exposição Cazuza Exagerado é um convite à emoção, à memória e ao legado de um artista que ousou ser verdadeiro — em tudo.>