Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

No Dia da Mulher Negra, relembre a primeira Helena negra de Manoel Carlos

Nesta sexta é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

  • F
  • Felipe Sena

Publicado em 25 de julho de 2025 às 22:25

pERSONAG
pERSONAG Crédito: Reprodução | TV Globo

Qual o peso de ser negro no Brasil? Um país diverso, etnicamente e culturalmente, mas ainda enraizado em diversas mazelas e preconceitos, entre eles o racial. Para mulheres, sobretudo as negras, outros entraves sociais se fazem cotidiano, como a discrepância salarial, o machismo e a misoginia.

Taís Araujo por Reprodução/Instagram

Nesta sexta-feira (25), foi celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, uma data significativa como forma de luta e resistência para as mulheres negras, que inclusive, foi mencionada no Festival Negritudes Globo 2025, em sua segunda edição.

O dia de hoje teve um valor significativo maior para as mulheres, pois foram recebidas a filósofa Djamila Ribeira, autora de um dos livros mais vendidos do Brasil ‘O Pequeno Manual Antirracista’. Também esteve presente a pesquisadora e autora, de Salvador, Karla Akotirene.

Essa discussão nos leva também para os caminhos da representatividade, sobretudo na teledramaturgia brasileira. Taís Araújo foi a percussora na TV como mulher em destaque num papel de protagonismo em um ambiente cercado por personagens negros em papeis de subserviencia.

Talvez alguns não se lembrem, mas Taís Araújo foi a primeira Helena negra, de uma novela do Maneco, como é carinhosamente conhecido o autor Manoel Carlos, autor responsável pela criação das ‘Helenas’, como na atual reprise de ‘História de Amor’. E por isso, nesta data, vamos relembrar essa personagem tão icônica e representativa para outras mulheres.

Rica e bem sucedida, em ‘Viver a Vida’, trama de 2010, Helena era uma modelo de sucesso, que casou com o empresário ciumento e machista Marcos Ribeiro (José Mayer). No entanto, ela não imaginava que o casamento atraísse tantos problemas para sua vida, caso da enteada Luciana Saldanha (Alinne Moraes) e da ex-esposa do ricaço, Tereza (Lilia Cabral).

Ao longo do folhetim, Luciana sofre um acidente de ônibus a caminho de um desfile, pois também trilhava caminho, assim como Helena. A protagonista também está indo para uma temporada de trabalho na Jordânia.

Após sofrer o acidente, Luciana fica tetraplégica. Com isso, se a personagem de Taís Araújo já não era bem aceita pelo público por ser negra e rica, as coisas pioraram.

Assim como na ficção, o público começou a ver Helena com certa parcela de culpa pelo acidente, já que Tereza tinha relegado os cuidados com a filha adulta, mas imatura, para a madrasta. Além disso, Helena também não era bem aceita pelo aborto que fez para ter mais tempo para a carreira, um tema ainda cercado de tabus para a época.

Quando Helena retorna, após o acidente de Luciana, o Brasil presenciou uma das cenas mais revoltantes da teledramaturgia. Na época, a personagem de Taís Araújo se ajoelha diante de Helena, pedindo desculpas, e ela lhe desfere um tapa na face. A posição de servidão na cenas, entre outras entrelinhas hoje são interpretadas de outra forma.

Em entrevista ao Fantástico neste ano, a Taís Araújo disse que quando foi convidada para interpretar Helena, estava estudando na França, mas aceitou o convite, e o que parecia ser uma possível desconstrução de preconceitos, se tornou um dos seus piores pesadelos.

Ao lado da mãe, a pedagoga Mercedes Araújo, e da filha, Maria Antonia; Taís Araújo chegou a chorar ao relembrar do papel. Na época, ela acreditava que estava “fazendo tudo errado”. Em seguida, a mãe de Taís a abraça e diz que a filha não estava fazendo “nada de errado” e que o problemas estava nas pessoas.

Contudo, com força, Taís venceu os medos e hoje vê a personagem como representativa para muitas mulheres. "Helena não foi só um trabalho, foi o trabalho. Não foi o fantasma que eu pintei, pelo contrário, foi muito transformador para muitas mulheres. A quantidade de mulheres que eu encontro e fala: 'Deixei meu cabelo ficar crespo porque te vi na novela como Helena'", disse ela em entrevista ao Fantástico. O papel passou, mas os problemas e nuances sociais persistem. Se para uns a Helena de Taís foi apenas um personagem, para muitas mulheres foi um ato de força para assumir quem se é.