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Descoberta rara gera polêmica sobre o nome de Jesus Cristo; entenda

Debate sobre o artefato descoberto em Alexandria, Egito, questiona se Cristo era conhecido na Judeia

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 1 de outubro de 2025 às 16:00

Copo foi encontrado perto da cidade submersa onde ficaria o Palácio de Cleópatra
Copo foi encontrado perto da cidade submersa onde ficaria o Palácio de Cleópatra Crédito: Imagem: Jeremiah J. Johnston/Prestonwood

Um cálice de dois mil anos, encontrado em 2008 no antigo Porto de Alexandria, no Egito, se tornou o centro de uma intensa polêmica entre acadêmicos. O objeto, em excelente estado de preservação, contém uma inscrição em grego, "DIA CHRSTOU O GOISTAIS", cuja tradução divide pesquisadores e pode fornecer informações cruciais sobre o cristianismo primitivo. 

Reza, fé e oração por Shutterstock

O cálice foi descoberto pela equipe do arqueólogo marinho Franck Goddio, perto do sítio submerso de Antirhodos, onde historiadores acreditam que estava o palácio da rainha Cleópatra. A inscrição, de acordo com o especialista em Novo Testamento Jeremiah Johnston, pode ser traduzida para "Por Cristo, o cantor" ou "O mágico por meio de Cristo". Este contexto sugere que a reputação de Jesus como curador e milagreiro já havia se espalhado pouco tempo depois de sua morte. 

No entanto, a interpretação de Johnston é veementemente contestada por outros pesquisadores, que oferecem explicações alternativas para a inscrição. O debate segue fervoroso, com cada lado buscando novas evidências que possam comprovar ou descartar as teorias existentes. 

O sítio arqueológico do porto de Alexandria

Localizado na parte ocidental do Rio Nilo, no Egito, o Porto de Alexandria era um dos maiores portos da antiguidade. Servia como um dos principais centros comerciais do mundo antigo. A riqueza histórica da região submersa atrai arqueólogos do mundo todo, que procuram por artefatos que possam revelar mais sobre a vida na época.

Interpretações da inscrição

Jeremiah Johnston, especialista em Novo Testamento, data o objeto no século 1 d.C., apenas algumas décadas após a crucificação de Cristo. Ele explica que a teoria de que o nome no copo se refere a Cristo confirmaria que o protocristianismo já circulava em Alexandria, uma cidade cosmopolita, longe da Judeia. A taça, segundo ele, é um "testemunho direto" de como o nome de Jesus era invocado em práticas espirituais logo após sua morte.

O arqueólogo Goddio, por sua vez, sugere que o cálice era usado para rituais de adivinhação, uma prática comum no Egito. Magos derramavam óleo na água para induzir transes. Esta teoria se alinha com a interpretação de Johnston.

A visão de Goddio oferece um possível contexto para a inscrição, indicando que ela não era meramente decorativa, mas tinha um propósito funcional dentro de um ritual religioso. O uso do cálice em rituais mostra a importância da religião para a cultura da época.

A controvérsia: nome comum ou referência a Cristo?

A teoria de Johnston e Goddio é contestada por linguistas como Bert Smith, da Universidade de Oxford, que sugere que a inscrição se refere a "Chresto", um nome comum entre o grupo religioso Ogoistais. Klaus Hallof, da Academia de Berlim-Brandemburgo, reforça essa teoria ao explicar que os Ogoistais adoravam deuses gregos e egípcios, como Atena, Hermes e Ísis. 

Outra interpretação é dada pelo teólogo Steve Singleton, que argumenta que "chrêstos" em grego significava "bom" ou "gentil", e o cálice apenas teria um nome descritivo. György Németh, da Universidade Eötvös Loránd, na Hungria, oferece uma explicação mais utilitária: o cálice era usado para preparar pomadas e unguentos, e "chrêstos" seria uma referência aos bens preparados. O embate entre os pesquisadores continua, e a verdade sobre o cálice permanece um mistério.