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Ana Beatriz Sousa
Publicado em 1 de outubro de 2025 às 19:24
A série “Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente”, exibida pela HBO Max e finalizada no último domingo (28), retrata um dos capítulos mais sombrios da história recente: a epidemia de HIV/AIDS nos anos 1980. Embora tenha personagens e situações ficcionais, a trama é inspirada em fatos reais que marcaram a luta pela sobrevivência diante da negligência governamental e da falta de acesso a tratamentos.>
Na produção, um grupo de comissários de bordo decide arriscar a própria liberdade para contrabandear o AZT - único medicamento disponível na época para retardar o avanço do vírus - e distribuí-lo a pacientes brasileiros. O elenco reúne nomes como Ícaro Silva, Bruna Linzmeyer, Eli Ferreira, Kika Sena, Igor Fernandez, Hermila Guedes e Andréia Horta.>
Apesar da dramatização, a história tem raízes na realidade. Segundo reportagem da BBC, comissários da Varig, maior companhia aérea do Brasil naquele período, formaram uma rede organizada para trazer o medicamento de outros países, especialmente dos Estados Unidos. Munidos de receitas médicas, eles compravam ou recebiam doações em farmácias de Nova York e Roma. Como não precisavam passar pela alfândega, os remédios entravam no Brasil sem fiscalização e eram distribuídos gratuitamente, em questão de dias, a pacientes em estado crítico.>
Esse movimento voluntário ganhou força até meados da década de 1990, quando a aprovação da lei que assegurou o acesso gratuito ao tratamento pelo SUS reduziu a necessidade do contrabando. Até lá, a ação clandestina dos comissários foi, para muitos, a única chance de sobreviver.>
“Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente” série da HBO Max
No entanto, a solidariedade contrastava com o preconceito vivido pelos profissionais da aviação. Tripulantes diagnosticados com HIV relatavam afastamentos, demissões e discriminação, o que gerou protestos diante da sede da Varig. Muitos esconderam o diagnóstico por medo de perder o emprego, enquanto outros recorreram à Justiça.>
Mais de três décadas depois, a série da HBO Max revive essa história de resistência e solidariedade, lembrando que, em meio ao medo e à desinformação, a coragem de poucos foi decisiva para salvar inúmeras vidas.>