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É salgado? Conheça o vinho que passa 14 meses no fundo do mar e tem sabor inusitado

Experiência inusitada da vinícola Brejinho da Costa mostra como a pressão do oceano pode transformar o sabor da bebida

  • Foto do(a) author(a) Fernanda Varela
  • Fernanda Varela

Publicado em 20 de setembro de 2025 às 11:30

Vinho do Atlântico tem sabor totalmente diferente, inclusive entre eles mesmos
Vinho do Atlântico tem sabor totalmente diferente, inclusive entre eles mesmos Crédito: Fernanda Varela/CORREIO

Ao pegar uma garrafa do Vinho do Atlântico, da vinícola Brejinho da Costa, a surpresa começa antes mesmo de provar. Em vez do vidro liso e brilhante, o que se encontra é uma superfície coberta por conchas e pequenos organismos marinhos, lembrança dos 14 meses que passou submersa no fundo do mar. Cada garrafa é única, já que quem faz o rótulo é a própria natureza.

A ideia nasceu do enólogo Luís Simões, que há alguns anos decidiu arriscar: mergulhar parte da produção e deixar o mar agir. O restante das garrafas, feitas com as mesmas uvas e cortes, segue na adega, permitindo comparar a evolução em ambientes completamente diferentes.

Cada garrafa de Vinho do Atlântico é única por Fernanda Varela/CORREIO

A Quinta Brejinho da Costa está situada em Grândola, na Região Vitivinícola de Setúbal, a poucos quilômetros do Atlântico. Além de explorar o terroir da região - conjunto de fatores do solo, clima e localização que influenciam o sabor do vinho -, a vinícola propõe uma experiência de enoturismo única: os visitantes podem conhecer os vinhedos, a adega, a destilaria e participar de degustações imersivas, descobrindo sabores e técnicas inovadoras.

Com cerca de 40 hectares de vinhedos, a Brejinho cultiva 17 variedades, como Fernão Pires, Riesling, Alvarinho, Sémillon, Encruzado, Castelão e Alicante Bouschet. Os vinhedos mais antigos têm 15 anos, os mais novos 7, e o solo arenoso combinado à brisa marítima imprime uma leve salinidade às uvas. São colhidos 250 mil quilos de uvas por ano, resultando em 300 mil garrafas, que incluem espumantes, vinhos varietais e destilados como gim, vodca e aguardente vínica. Ao todo, a vinícola produz 20 rótulos, muitos deles exportados para Suíça, Holanda e Brasil.

Quem acompanha toda a produção, desde o campo até a adega, é a agrônoma e enóloga Marta Rosa. Ela explica que o mar acelera a evolução do vinho: “Na adega conseguimos controlar temperatura e luz como no mar, mas no mar o vinho está sempre balançando. A evolução é muito mais rápida. Temos brancos que ficam mais suaves, outros que ganham acidez. O comportamento no mar não é todo igual. Nos tintos, os taninos se tornam mais macios, como se um ano no mar equivalesse a dois anos na cave", explica.

O projeto Vinho do Atlântico coloca as garrafas em caixas de rede submersas entre 10 e 20 metros de profundidade. O movimento das ondas, a pressão constante e a vida marinha fazem com que cada lote seja único. “Portanto, isto é o mar que faz. São todas diferentes, todas bonitas”, afirma Marta.

Além do envelhecimento submarino de vinhos brancos, tintos e rosés, a Brejinho da Costa também experimenta destilados e vinhos de ânfora, como cortes com Baga, Encruzado e Touriga Franca. O enólogo Pascoal Almeida conduz a criação, transformando o mar em um verdadeiro cofre natural que guarda a memória e a identidade de cada garrafa.

O Vinho do Atlântico pode ser comprado em algumas adegas de Setúbal, como a própria Brejinho e na A Serenada. Os preços variam entre 100 e 150 euros, dependendo do rótulo. Para os visitantes, a proposta vai além da degustação: é uma imersão que une natureza, tradição e inovação.

Tags:

Vinho Turismo