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Agência Correio
Publicado em 4 de setembro de 2025 às 16:00
A ideia de reunir todo o conforto em um só lugar pode se tornar armadilha. Atrás da fachada grandiosa, o maior edifício residencial do planeta combina inúmeros serviços com problemas de convivência. >
O Regent Park International Center, em Hangzhou, na China, concentra cerca de 30 mil moradores. Mesmo oferecendo tudo que se precisa ali dentro, o ambiente mostra-se instável. Nesse limite, os contrastes ganham força.>
O espaço funciona como uma cidade compacta, em que a autonomia é atraente, mas constantemente esbarra em disputas de regras e usos.>
Regent Park International Center
De acordo com o portal Mariefrance, a estrutura foi planejada para dispensar saídas. Dentro do edifício há escolas, supermercados, clínicas médicas, restaurantes, parques e até casas de chá. As entregas ficam guardadas em armários coletivos.>
Os blocos estão conectados por corredores e passarelas que guiam os moradores. O acesso é feito por biometria e a distribuição de água é controlada automaticamente. Tudo funciona como um sistema fechado.>
O edifício, de formato em “S” e linhas retas, foi inaugurado em 2013. Tem 39 andares, cerca de 5 mil unidades e chega a 206 metros de altura.>
Antes projetado para ser um hotel seis estrelas, acabou adaptado para se tornar um condomínio residencial de alta densidade populacional.>
Nos andares mais altos, apartamentos grandes oferecem conforto e vista ampla. Já nas partes inferiores, divisões ilegais transformam imóveis maiores em minúsculos estúdios sem janelas.>
Houve caso de apartamento de 144 m² convertido em oito pequenas unidades, cada uma com cozinha reduzida. Essa lógica percorre do térreo até a cobertura.>
Antigamente apelidado de “prédio das celebridades” pela presença de influenciadores, já foi visto como símbolo de status.>
“Na época de prosperidade, esse edifício chamava a atenção de toda a cidade”, conta um corretor de imóveis da região ao Mariefrance. Mas a mistura de residências e escritórios, somada à superlotação, deteriorou segurança, limpeza e relações de vizinhança.>
No auge, cerca de 30 mil moradores ocupavam o complexo. Elevadores, corredores e áreas comuns sofriam pressão constante. Hoje, atrai visitantes curiosos com a ideia de uma cidade inteira contida em um prédio.>
A construção segue um estilo funcionalista: linhas simples, formas geométricas e ausência de ornamentos. O objetivo é a eficiência. Porém, críticos afirmam que o desenho reforça uma “arquitetura isolacionista”, que estimula vidas paralelas.>
Na região de Qianjiang Century City, o Regent International atua como uma cidade vertical. As passagens conectam os blocos e os serviços se concentram nos andares inferiores.>
O controle é feito por biometria, e a água, por sistemas automáticos. Se por um lado isso traz segurança, por outro amplia o anonimato.>
O modelo “tudo em um” aparenta praticidade, mas não garante laços entre os moradores. O isolamento e até a sensação de clausura são frequentes.>
Planejado como exemplo de densidade organizada, o edifício em formato de S expõe um dilema. Enquanto os serviços facilitam o cotidiano, o excesso de funções corrói as relações sociais.>
A experiência muda de acordo com o andar, acentuando desigualdades internas. Esse gigante urbano desperta tanto fascínio quanto preocupação, lembrando que a vida em comunidade depende do interesse coletivo.>