Nattan é acusado de capacitismo após pagar por beijo em mulher com nanismo; entenda

Durante sua apresentação na Festa de Agosto, em São Lourenço da Mata (PE), o cantor Nattan causou indignação ao oferecer R$ 1 mil para que um homem beijasse uma mulher com nanismo no palco. O episódio aconteceu no último sábado (02) e foi gravado pela própria equipe do artista, sendo publicado nas redes sociais com tom de brincadeira.

Nas imagens, Nattan aparece chamando a mulher para o palco e, após ela ser rejeitada por dois homens convidados, o cantor a levanta nos braços, a coloca em cima de um caixote e insiste na interação. Em seguida, ele convoca um cinegrafista que cobria o evento e brinca: "Ele pode até perder o emprego, mas os mil reais ele não perde". O beijo acontece ao som de "Pense em Mim", sucesso de Leandro & Leonardo, e é seguido por aplausos e risadas. O cinegrafista ainda leva a mulher nos braços para os bastidores.

O conteúdo foi postado nas redes do artista com a legenda: "Bebê Reborn saliente da gota". Já o cinegrafista, identificado como Marcos Ferreira, também publicou o vídeo e celebrou o momento: "Quando o beijo vale mil e ainda vem com risada e bolso cheio… Aí sim é trabalho com gosto".

No entanto, o que começou como uma “brincadeira” gerou forte reação. A Associação Nanismo Brasil (Annabra) divulgou uma nota de repúdio, acusando o cantor de promover um ato de humilhação pública. A entidade classificou a atitude como capacitista e afirmou que irá formalizar uma denúncia ao Ministério Público.

“Esse tipo de exposição reforça o preconceito e submete pessoas com deficiência ao ridículo. É inaceitável que, em pleno 2025, ainda tenhamos que lidar com esse tipo de entretenimento que humilha e desumaniza”, declarou a associação.

A nota da Annabra também reforça que, mesmo que a mulher tenha concordado com o momento, isso não representa consentimento coletivo por parte da comunidade com nanismo. Segundo a entidade, esse tipo de ação reforça estigmas e práticas de exclusão social.

Além disso, a associação lembrou que o capacitismo é crime no Brasil. De acordo com a legislação vigente, incitar ou promover discriminação por deficiência pode acarretar penas de até cinco anos de prisão, especialmente quando a exposição ocorre por meio de redes sociais ou outros canais de comunicação.

“Não ficaremos calados. Vamos acionar o MP para garantir que esse tipo de conduta não se repita. Que artistas usem seus palcos para promover respeito, não para perpetuar preconceitos históricos”, concluiu a entidade.

A Prefeitura de São Lourenço da Mata, responsável pela organização da festa, informou que não irá se manifestar sobre o episódio. Até momento, o cantor Nattan também não se manifestou.