Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Agência Correio
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 06:00
Sonolência profunda, respiração pesada, pele azulada e falta de apetite. Esses são alguns sinais de que o corpo entrou na fase final da vida, um processo natural que pode ser compreendido com mais clareza. >
Apesar de inevitável, a morte ainda desperta medo. Para médicos, conhecer as transformações do corpo ajuda a aliviar sofrimentos. “É um instante sagrado, quase fora do tempo”, diz a especialista Ana Claudia Quintana Arantes, em entrevista ao G1.>
Famosos que morreram em 2025
Até mesmo profissionais da saúde, sem preparo, podem recorrer a medidas desnecessárias. Já o conhecimento sobre o processo favorece uma despedida mais tranquila.>
Na fase ativa da morte, os órgãos vão parando aos poucos. O sistema digestivo perde a função, a fome desaparece e a sede deixa de ser sentida. É como se o corpo fosse desligando suas máquinas.>
A pele fria, pálida e com manchas azuladas é outro sinal típico. Apesar da sonolência, familiares podem conversar e segurar as mãos do paciente. O tato e a audição permanecem ativos até o fim.>
“Mesmo pequeno, esse corpo pesa como o mundo”, explica Arantes. Identificar esses sintomas ajuda a trazer serenidade e evita insistir em procedimentos sem benefício real.>
A água também vai embora. Boca e olhos ficam secos, a saliva é escassa e a pele precisa de hidratação. Medidas simples, como um pano úmido nos lábios, aumentam o conforto do paciente.>
A dor pode se intensificar. “Nas últimas horas, ela pode descompensar e o paciente fica inquieto”, afirma o médico Arthur Fernandes ao G1. Nessas situações, medicamentos como a morfina são usados.>
É essencial que a família saiba lidar com essas mudanças. Ter as orientações médicas e os remédios à disposição faz toda a diferença no controle do sofrimento.>
Em alguns casos, surge a chamada “melhora da morte”. A pessoa volta a se comunicar, pede alimentos e mostra mais disposição. É um breve sopro de vitalidade antes do fim.>
“O paciente pode se animar para ver alguém querido”, diz Fernandes. Esse é o momento ideal para expressar amor, perdoar ou simplesmente compartilhar presença com quem está partindo.>
Médicos alertam que não é sinal de recuperação. Exames e intervenções nessa fase podem atrapalhar despedidas valiosas. “Esse é o tempo de afirmar sua essência”, reforça Arantes.>
Na etapa final, a respiração muda de padrão, ora rápida, ora lenta. Pode soar como ronco, mas não significa dor. É apenas reflexo do corpo desligando suas funções.>
Esse é o último ato. “Você devolve o sopro sagrado que recebeu ao nascer. Essa expiração é um presente”, afirma Arantes. O coração para e o corpo entra em silêncio.>
Para Fernandes, falar da morte é essencial. “Ela não é o oposto da vida, mas do nascimento. A vida está em tudo que vivemos nesse intervalo precioso”, conclui o médico.>