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Saiba qual é a infecção que destrói tecidos da genitália humana e foi a causa da morte de funkeiro carioca

Segundo especialista, a inflamação é rara e muito agressiva

  • Foto do(a) author(a) Monique Lobo
  • Monique Lobo

Publicado em 19 de agosto de 2025 às 17:24

Síndrome de Fournier é conhecida por
Síndrome de Fournier é conhecida por "devorar" as genitálias Crédito: Freepik

Uma infecção capaz de "devorar" as genitálias das pessoas que a contraem, é assim que é descrita popularmente a Síndrome de Fournier. A doença ganhou luz após a morte do funkeiro Leandro Rogério, de 40 anos, conhecido como Leandro Abusado, no final do mês passado.

A inflamação é rara e realmente muito agressiva, como explica a infectologista e professora de Medicina do Centro Universitário de Brasília (Ceub), Eveline Vale. Segundo ela, a Síndrome de Fournier é um tipo de fasceíte necrosante que atinge a região genital, anal e perineal, podendo se estender até a pelve. “A doença costuma ter início a partir de pequenas lesões, abscessos, feridas ou procedimentos cirúrgicos e evolui de forma extremamente rápida, causando destruição dos tecidos”, afirma.

Leandro Abusado por Reprodução

Geralmente é causada por uma infecção polimicrobiana, ou seja, envolve a ação conjunta de diferentes tipos de bactérias que aceleram a destruição dos tecidos.

Ainda de acordo com a especialista, entre as bacterias mais comuns estão a Escherichia coli, presente no intestino, a Klebsiella pneumoniae e a Pseudomonas aeruginosa, além de microrganismos que habitam a pele, como Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus. A infecção também registra a presença de bactérias anaeróbias como a Bacteroides fragilis e Clostridium.

Pouco comum, ela tem uma incidência geral de 1,6 para cada 100 mil homens, com maior ocorrência registrada na região Sul. A predominância é em pacientes do sexo masculino, com idade média de 51,7 anos, com pico entre 50 e 79.

A taxa de letalidade geral é de aproximadamente 7,5%, mas pode ser significativamente maior quando há sepse ou complicações como insuficiência renal e respiratória. Em casos mais graves, a necessidade de amputações parciais pode chegar a 30%. “Quando a doença aparece, a maioria dos pacientes carregam comorbidades, principalmente diabetes mellitus e hipertensão. Essas condições funcionam como combustível para o avanço rápido da infecção”, reforça Eveline Vale.

Como identificar os sintomas?

Segundo a especialista, o sintoma mais característico é lesão com dor intensa e desproporcional ao aspecto visível da área. É possível também ocorrer inchaço, vermelhidão de rápida progressão, formação de bolhas e odor fétido característico da necrose tecidual.

Já o diagnóstico é estabelecido a partir da avaliação clínica, histórico do paciente, exames laboratoriais e de imagem, como radiografia ou tomografia, que ajudam a identificar a extensão da infecção e a presença de gás ou necrose. “Dada a rápida evolução da doença, o início do tratamento não deve esperar o resultado definitivo dos exames”, recomenda.

Para tratar, a professora de Medicina do Ceub explica que há a possibilidade de procedimento cirúrgico para a retirada do tecido necrosado, uso de antibióticos intravenosos de amplo espectro, suporte intensivo hospitalar e controle rigoroso de condições associadas, como o diabetes. “A síndrome de Fournier é uma emergência médica. Sem intervenção imediata, pode evoluir para choque séptico e levar ao óbito”, alerta Eveline.

Mas, a prevenção é muito importante. Entre as medidas preventivas estão a higiene adequada da região genital e perineal, o tratamento precoce de infecções urinárias ou genitais, o controle rigoroso do diabetes e cuidados específicos após cirurgias ou traumas na área. “Reconhecer rapidamente os sinais e buscar atendimento médico imediato pode fazer toda a diferença entre a recuperação e as complicações graves”, completa.