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‘Obesidade é biológica, não força de vontade', diz um dos maiores especialistas país

Médico defende o fim do estigma contra pessoas com obesidade e pede mudanças urgentes nos critérios de diagnóstico

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 17 de setembro de 2025 às 06:00

A briga com a balança deve ser menos moral e mais focada na saúde
A briga com a balança deve ser menos moral e mais focada na saúde Crédito: Imagem: Pexels

Ricardo Cohen é considerado um dos 30 médicos mais influentes do mundo e foi por um ano presidente da Federação Internacional da Cirurgia da Obesidade e Transtornos Metabólicos (IFSO). Com o fim do período, o doutor fez declarações fortes sobre o tema.

Obesidade traz riscos à saúde por Shutterstock

Cohen é coordenador chefe do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Oswaldo Cruz. Ele discutiu diversos aspectos da obesidade e doenças correlatas para uma entrevista para o jornal O Globo.

As revelações vão desde preconceitos enfrentados pela pessoa obesa, passando pelos estigmas de procedimentos emagrecedores, e chegando até mesmo a tocar as modernas canetas emagrecedoras.

Não é questão de culpa

O especialista se vê decepcionado com a maneira como a obesidade é tratada nos dias de hoje. Longe de ser vista como uma doença crônica, o sobrepeso é visto apenas como uma questão de força de vontade.

De 2023 a 2024, a Metabolic Health Institute, grupo que Cohen faz parte, fez uma pesquisa para entender o que os pacientes com obesidade pensavam sobre a própria condição. “Eles acreditam que o melhor tratamento para obesidade é fechar a boca e fazer mais atividade física”.

“E por incrível que pareça, ao não conseguir emagrecer, a primeira resposta deles é trocar de atividade física e de dieta. Então, a culpa ainda está embutida”, declarou o médico para o Globo.

Mas o especialista é categórico ao negar essa visão: “Obesidade é biologia, não é força de vontade. É preciso acabar com a estigmatização da obesidade e o preconceito contra os tratamentos também. Não é muleta”.

Mudanças no diagnóstico

O médico também defende que o diagnóstico de obesidade precisa mudar, e que o Índice de Massa Corpórea (IMC) não define com precisão as nuances da doença. É preciso, segundo o especialista, avaliar outros fatores, como histórico de doenças cardiovasculares na família.

“Uma pessoa que tem IMC de 31, mas que corre, tem vida social normal. Para que eu vou tratar com medicação cara e cirurgia a pessoa que não tem nada?”, questiona ele. Cohen entende que os casos de obesidade devem ser divididos em dois: clínicos e pré-clínicos.

Enquanto casos pré-clínicos precisam de acompanhamento, conscientização, investigação de hábitos e histórico de doenças na família e eventual intervenção, um caso clínico necessita de intervenção imediata.

Intervenções cirúrgicas

As cirurgias de emagrecimento, cuja mais conhecida é a bariátrica, perderam certo espaço no hall de tratamentos com a chegada das canetas emagrecedoras, mas ainda são importantes, conta Ricardo Cohen.

“Há o indivíduo que não tem acesso à medicação por qualquer razão, falta do produto ou custo, mas viu (recentemente) que é possível emagrecer ou tratar a obesidade”, conta ele. “Muitos deles caíram na cirurgia”.

Por outro lado, alguns pacientes passaram a apostar nas canetas emagrecedoras mesmo sem saber se elas dão algum resultado para o caso específico. A escolha por um tratamento deve ser feita junto a um médico capacitado.

Mas o recado final de Cohen é de que é preciso acabar com o preconceito, tanto contra pessoas obesas, quanto contra os tratamentos fisiológicos.

“Ainda há alguns, porém, que acham que é falta de força de vontade, que infelizmente chamam as medicações de ‘muleta’, continuam discriminando quem tem obesidade, coisa que nunca fariam contra outra doença crônica como o câncer, por exemplo.”