Paulo Coelho fala sobre parceria com Raul Seixas e surpreende: 'Não tenho saudade'

A colaboração entre Paulo Coelho e Raul Seixas rendeu algumas das composições mais icônicas do rock nacional nos anos 1970. Músicas como “Gîtâ”, “Tente Outra Vez”, “Sociedade Alternativa” e “Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás” saíram da mente criativa da dupla, que, na época, vivia uma amizade intensa e uma conexão artística marcada por ideologias ousadas e experimentações espirituais.

Apesar da força desse passado, Paulo Coelho afirma que não sente saudade da época. Em uma entrevista recente à Rolling Stone Brasil, conduzida por Edgardo Martolio e Luis Maluf, o autor, hoje radicado na Suíça, foi direto: “Eu não tenho saudade. Acho que vivi tudo que tinha para viver ali. Saudade está ligada a uma sensação, e não carrego isso comigo.”

Paulo usou uma metáfora para explicar melhor seu desapego: “Fiz o Caminho de Santiago em 1986 e nunca tive saudade. Fiz depois outras vezes, com equipes de TV, mas nunca com o mesmo sentimento. Porque, no momento em que fiz, estava inteiro ali. Com Raul, foi a mesma coisa.”

A explicação, segundo ele, está em um princípio que sempre guiou sua vida: viver cada experiência com total entrega. “Sempre estive por completo em tudo o que fiz”, completou o escritor, conhecido mundialmente por livros como O Alquimista.

Com o tempo, a parceria com Raul Seixas se desfez. Paulo se distanciou das doutrinas esotéricas como a Thelema, filosofia de Aleister Crowley, que influenciou parte das letras da dupla, e seguiu um novo caminho, focado na literatura. Raul, por sua vez, buscou novos parceiros musicais, como Marcelo Nova, Cláudio Roberto e Marcelo Ramos Motta.

O reencontro simbólico entre os dois voltou à tona com a série “Raul Seixas: Eu Sou”, original da Globoplay, lançada em 2025. A produção, estrelada por Ravel Andrade, retrata as décadas de 1970 e 1980, destacando a relação entre Raul e Paulo como um dos pontos centrais da trama.

Mesmo com o revival promovido pela série, Paulo Coelho descarta qualquer intenção de transformar suas vivências com Raul em livro. Ainda que ele tenha vivido tudo de perto, diz que já contou o que precisava contar; nas músicas, nas experiências e nos caminhos que escolheu trilhar.