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Heider Sacramento
Publicado em 1 de maio de 2025 às 10:00
Responsável por vestir o papa Francisco em sua primeira missa e em seu velório, o alfaiate italiano Filippo Sorcinelli, de 48 anos, tem sua trajetória marcada por fé, arte e identidade. Gay e praticante do catolicismo, o estilista voltou aos holofotes após revelar, em entrevista recente, o possível encerramento de sua colaboração com a Igreja. >
Sorcinelli, natural de Mondolfo, cidade na região central da Itália, é fundador do Atelier Lavs, especializado em paramentos litúrgicos. Ao longo de mais de 25 anos de parceria com o Vaticano, ele criou mais de 50 vestes para Bento XVI e foi o responsável pelo figurino usado por Francisco, que morreu na última semana aos 88 anos, em momentos simbólicos do pontificado.>
“Levo no coração meus primeiros passos como criança: eu acompanhava minha mãe na limpeza da igreja paroquial da minha cidade. Esses gestos simples e humildes carregavam um grande significado e se tornaram a assinatura da minha vida”, declarou o artista à Vogue americana, ao falar sobre sua conexão profunda com a fé católica.>
Além de alfaiate, Sorcinelli é perfumista, fotógrafo e pintor. Dono da marca de fragrâncias Unum, ele mescla tradição e ousadia nas peças que assina, sempre em sintonia com o Escritório Litúrgico do Vaticano. Seu trabalho se inspira em elementos que vão da Idade Média ao Renascimento, mantendo-se fiel à essência de cada papa.>
“O meu ateliê tem profundo respeito pela Igreja, nosso cliente principal, e a consciência de que não estamos apenas fazendo figurinos teatrais”, destacou Sorcinelli, ao comentar os limites criativos impostos por um ambiente com regras rígidas. Ainda assim, algumas de suas criações foram vetadas por serem consideradas ousadas demais.>
Apesar dos desafios, ele segue vendo na arte sacra uma missão espiritual. “Ter fé, para mim, é ter sido agraciado por essa riqueza humana. Criar arte sacra hoje é transmitir essa mensagem ao mundo. Eu não estaria vivo hoje se não tivesse vivido esses momentos”, afirmou.>