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Sertralina pode causar 'perda de sentimentos'? Veja efeito colateral de antidepressivos

Entenda por que esse antidepressivo pode provocar apatia e como médicos manejam esse efeito colateral

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 21:00

Pacientes relatam perda de sentimentos com Sertralina
Pacientes relatam perda de sentimentos com Sertralina Crédito: Freepik

A Sertralina, um dos antidepressivos mais prescritos no mundo da classe dos Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS), é amplamente eficaz contra a Depressão, Ansiedade e TOC, além de outras patologias. Porém, há uma queixa clínica frequente e angustiante para os pacientes: a sensação de que o medicamento "tira totalmente os sentimentos".

A Sertralina não abole de forma total e universal as emoções. Em vez disso, ela induz um efeito colateral neuropsiquiátrico denominado Embotamento Afetivo (também conhecido como Hipoestesia Emocional ou Aplanamento Emocional). Este fenômeno é caracterizado por uma redução significativa e generalizada da intensidade da capacidade de experimentar emoções.

Sertralina por Reprodução

O que é o embotamento afetivo?

Para muitos pacientes, o embotamento afetivo é vivenciado como uma perda radical ou uma "paralisia emocional". O termo descreve a diminuição de todo o espectro emocional, impactando tanto os sentimentos positivos quanto os negativos.

As manifestações subjetivas mais comuns incluem:

  • Apatia e indiferença: perda de interesse e motivação, levando à indiferença por atividades antes satisfatórias.
  • Perda da reatividade: redução da capacidade de reagir com emoção adequada, o que pode incluir a perda de sentimentos por entes queridos.
  • Incapacidade de expressão profunda: dificuldade em chorar, sentir pesar ou raiva, mesmo diante de eventos emocionalmente significativos.
  • Sensação de desconexão: sentimentos de desapego de si mesmo e do ambiente. Em casos extremos, o paciente pode se sentir "emocionalmente paralisado".

O custo do "efeito antipreocupação"

O cerne do dilema reside no mecanismo de ação dos ISRS. A Sertralina alivia o sofrimento patológico ao aumentar a neurotransmissão de Serotonina (5-HT). Esse aumento, por sua vez, manifesta-se como um benéfico "efeito antipreocupação" , diminuindo a ruminação crônica e a hiperatividade emocional.

O custo dessa supressão é a diminuição do afeto positivo e da capacidade de vivenciar intensamente as recompensas. Se a principal ação terapêutica dos ISRS é estabilizar o humor e diminuir as 'quedas' emocionais, o efeito colateral é o aplanamento dos 'picos', resultando em uma experiência de neutralidade ou indiferença.

Acredita-se que o excesso de Serotonina possa ter um efeito indireto de amortecimento no sistema de recompensa mediado pela Dopamina. A perda de prazer e a apatia são sintomas classicamente ligados à disfunção dopaminérgica , sugerindo que o embotamento afetivo pode ser uma consequência da super-modulação da 5-HT que suprime, inadvertidamente, o sistema de motivação e prazer.

Alta prevalência e tratamento

O Embotamento Afetivo está longe de ser raro. As análises indicam que o embotamento mental ou a apatia são gerados em pelo menos 50% dos pacientes que utilizam ISRS, embora a intensidade varie.

O manejo clínico é individualizado e focado em encontrar um equilíbrio entre a remissão da doença primária e a preservação da capacidade emocional. As estratégias de manejo incluem:

  • Ajuste de dose: a primeira intervenção farmacológica é a redução gradual da dose da Sertralina, o que pode mitigar o embotamento sem sacrificar totalmente a eficácia.
  • Troca de medicamento: se o ajuste for insuficiente, o médico pode optar pela troca para agentes com menor risco de aplanamento afetivo. Exemplos notáveis são a Vortioxetina e o Bupropion (IRDN), que modulam o sistema dopaminérgico ou noradrenérgico.
  • Terapia de combinação: se a Sertralina for insubstituível, pode-se combiná-la com um fármaco que atenue o embotamento, sendo o Bupropion frequentemente utilizado para reverter a apatia.
  • Psicoterapia: abordagens psicoterapêuticas e de reabilitação emocional são recomendadas para auxiliar o paciente a se reconectar com suas emoções e reengajar o sistema de motivação.

O tratamento adequado e a discussão aberta sobre este efeito colateral são cruciais, porque o sofrimento induzido pelo tratamento é um fator crítico para a não adesão e o risco de interrupção abrupta, o que pode levar à recaída e à síndrome de descontinuação.