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Agência Correio
Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 21:00
A cena é comum: uma cerveja com amigos, um jogo na TV ou o vermute do fim de semana sempre acompanhado de um pacote de salgadinhos. Esse hábito, aparentemente inofensivo, é tão frequente que se tornou parte da cultura alimentar moderna. Mas, segundo uma cardiologista renomada, ele esconde riscos graves para o coração. >
A médica Elizabeth Klodas, especialista em saúde cardiovascular e formada pela Clínica Mayo, faz um alerta direto: há um alimento que ela nunca consome em hipótese alguma, as batatas fritas de pacote e outros snacks ultraprocessados ricos em sal.>
Comidas variadas
As batatas fritas de pacote lideram o consumo de aperitivos em diversos países, inclusive na Espanha, onde representam mais da metade dos snacks consumidos fora de casa. Dentro do lar, a presença também é constante, com quilos desse produto sendo ingeridos por pessoa todos os anos, muitas vezes de forma automática e sem perceber o impacto acumulado.>
Segundo a cardiologista, o problema não está apenas nas calorias. Esses produtos concentram altas doses de sódio, gorduras de baixa qualidade e uma lista extensa de aditivos químicos, enquanto praticamente não oferecem fibras, vitaminas ou minerais essenciais ao organismo.>
O resultado desse combo aparece rapidamente no corpo. Estudos citados por Klodas mostram que, poucas horas após o consumo de alimentos ultraprocessados, já é possível observar piora na função dos vasos sanguíneos, um dos primeiros sinais de prejuízo ao sistema cardiovascular.>
O excesso de sódio presente nos snacks é um dos maiores vilões. A médica explica que o consumo frequente pode elevar a pressão arterial de forma silenciosa, favorecendo o desenvolvimento da hipertensão, uma das principais causas de infarto e AVC.>
Além disso, o padrão alimentar baseado em salgadinhos contribui para o ganho de peso, aumenta os níveis de colesterol ruim (LDL) e desregula o açúcar no sangue, elevando o risco de diabetes tipo 2. Todo esse cenário cria um ambiente propício para doenças cardíacas ao longo dos anos.>
Outro ponto destacado pela especialista é o efeito comportamental. Muitas vezes, o consumo desses alimentos não acontece por fome real, mas por tédio, ansiedade ou simples hábito. O cérebro busca o estímulo rápido do sal e da gordura, reforçando um ciclo difícil de quebrar.>
A boa notícia é que existem substituições acessíveis e eficazes. Uma das principais alternativas indicadas por Klodas é o hummus com vegetais. Em quantidade semelhante às calorias de um pequeno pacote de salgadinhos, ele entrega fibras, proteínas e gorduras boas, promovendo saciedade de verdade.>
Outra opção são os frutos secos ao natural, especialmente as nozes e castanhas sem sal. Eles fornecem gorduras insaturadas, antioxidantes e minerais importantes para a saúde do coração, sem a sobrecarga de sódio típica dos snacks industrializados.>
A fruta também entra como protagonista nessa troca. Duas bananas pequenas ou três laranjas, por exemplo, equivalem caloricamente a uma bolsinha de batata frita, mas oferecem fibras, vitaminas e compostos antioxidantes que ajudam a proteger as artérias.>
Um levantamento da Organização de Consumidores e Usuários analisou mais de 200 snacks vendidos em supermercados e concluiu que cerca de 78% deles são pouco ou nada saudáveis. O excesso de sal, gordura e aditivos foi o principal fator de reprovação.>
Muitos desses produtos chegam a quase 500 calorias a cada 100 gramas, podendo ultrapassar 600 em alguns casos. Além disso, a base alimentar é formada por carboidratos altamente refinados, que perdem grande parte dos nutrientes durante o processamento industrial.>
Entre os “menos piores”, aparecem os nachos de milho sem adição de sabores artificiais e aqueles feitos com leguminosas ou sementes, preferencialmente assados e com baixo teor de sal. Ainda assim, o consumo deve ser ocasional.>