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'Máfia tropical': nova série da Netflix mostra o poder e a contravenção no Rio de Janeiro

Descrita pelo criador Heitor Dhalia como a junção entre Game of Thrones e jogo do bicho, Os Donos do Jogo chega nesta quarta (29) ao catálogo da Netflix

  • Foto do(a) author(a) Maria Raquel Brito
  • Maria Raquel Brito

Publicado em 29 de outubro de 2025 às 06:30

Os Donos do Jogo
Os Donos do Jogo retrata a disputa pelo controle do império da contravenção carioca Crédito: Netflix/Divulgação

Quando o assunto é série ou filme de máfia, é natural que se imagine aquele clássico cenário italiano – ternos, chapéus e trilha sonora à la O Poderoso Chefão. Em Os Donos do Jogo, que chega hoje (29) ao catálogo da Netflix, o gênero tem outra cara: vem com visual, sotaque e intrigas da contravenção carioca.

“A gente tentou imaginar, vamos dizer, como seria essa nossa máfia tropical. Como seriam esses cenários e esse lugar em que essa história se passa, com essa exuberância que o jogo e as apostas têm. Com esse dinheiro, esse luxo e ao mesmo tempo essa cafonice”, diz Heitor Dhalia (O Cheiro do Ralo e À Deriva), criador e diretor da série. 

Não por acaso, Os Donos do Jogo marca a entrada na Netflix no que a empresa descreve como a “máfia brasileira”. A série fictícia, que tem no elenco nomes como Juliana Paes, Chico Diaz, André Lamoglia, Mel Maia, Xamã e Giullia Buscacio, mergulha no mundo dos crimes do Rio de Janeiro de dentro para fora, mostrando as disputas de poder e os conflitos por sucessão nas famílias que comandam o jogo do bicho no estado. As brigas pela coroa – nesse caso, o anel – renderam à obra uma comparação descontraída com a série norte-americana Game of Thrones por parte de Dhalia. 

Série é protagonizada por André Lamoglia, que dá vida a Profeta, e marca o retorno do ator às produções brasileiras por Marcos Serra Lima/Netflix

A trama é conduzida pela história de Profeta, personagem de André Lamoglia, que sai de Campos dos Goytacazes rumo à capital fluminense com o objetivo de inserir a própria família na alta cúpula dos jogos de azar. Sua ambição se encontra com a de Mirna e Suzana Guerra (Mel Maia e Giullia Buscacio, respectivamente), duas herdeiras do bicho que disputam o lugar na ponta da mesa. “O caminho dele é o caminho do crime”, resumiu Lamoglia.

Na série, Chico Diaz e Juliana Paes interpretam o casal Galego e Leila. Enquanto ele, um nome conhecido e respeitado no bicho, representa a ação, ela joga um jogo duplo: estrategista, calcula cada passo para avançar nesse mundopredominantemente masculino. No quadro mental de Juliana, a palavra-chave para dar vida a Leila foi “mistério”.

“Ela está sempre com algum tipo de máscara e isso é gostoso de fazer e acho que dá conta de explicar uma mulher que sobrevive nesse universo, que é opressor porque é machista. Como uma mulher que tem tantos objetivos e desejos sobrevive nesse universo? Ela precisa de muitas máscaras mesmo”, defende.

Para Diaz, o projeto oferece uma nova visão da cidade maravilhosa: “O Rio de Janeiro continua lindo, lindo. Nessa série, ele é personagem fundamental para a narrativa e para a compreensão da nossa euforia, da nossa civilidade e até da nossa barbárie. Está muito clara e muito bem celebrada a condição carioca”.

Perto da vida real

Tanto os atores quanto o diretor fizeram questão de lembrar que a série não é baseada em pessoas reais. Apesar disso, também é comum a todos do elenco a noção de que a obra trata de um problema que não poderia estar mais próximo da realidade de muitos brasileiros.

Para lidar com o assunto com a maior veracidade possível, a produção contou com a presença de consultores, especialistas de segurança e jornalistas que escrevem sobre esse universo. Além disso, houve muita pesquisa – teórica e de campo. Disso, os criadores entraram em consenso sobre três elementos que não podiam faltar.

“Um: as guerras de sucessão que aconteceram nos últimos 20 anos. Outro são os melodramas e dramas familiares. Famílias onde se abre uma guerra de sucessão e se tem disputas de herança, de poder, intriga, território. E o último elemento que a gente acha que super importante foi uma atualização radical do universo. Porque no nosso imaginário, tem muito o jogo do bicho nos anos 80, com aqueles bicheiros clássicos e mais folclóricos”, conta Dhalia.

Outra preocupação ao tratar de temas tão pertinentes como a contravenção é a glamourização do universo luxuoso do crime. A atenção para isso também se fez presente na elaboração da série. O primeiro passo para evitar estigmas foi livrar os personagens de julgamento o máximo possível.

“O que a gente tem é a construção de personagens que tentam ter todas as camadas, todas as complexidades de sua narrativa. Situações que foram criadas à imagem e semelhança dos impulsos desses personagens e uma trajetória, um arco que procura revelar como os choques entre eles produzem novas situações. Nós procuramos ser o mais fiel possível a esse universo. E cabe ao espectador, então, julgá-los, se quiser julgá-los, entender o que eles lhes propõem”, disse o produtor Manoel Rangel.