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Giuliana Mancini
Publicado em 5 de maio de 2025 às 10:29
O árbitro Alisson Sidnei Furtado (TO) relatou em súmula a acusação de injúria racial do atacante Allano, do Operário-PR, contra Miguelito, do América-MG. O boliviano, que pertence ao Santos e está emprestado ao time mineiro, teria chamado o adversário, que é ex-Bahia, de "preto cagão" durante partida entre os dois times pela 6ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, no último domingo (4).>
O episódio aconteceu por volta dos 30 minutos do primeiro tempo, após uma disputa de bola seguida de falta marcada a favor do Operário-PR. Miguelito virou em direção a Allano, que foi para cima do meia do América-MG, junto com Jacy. Em seguida, eles foram até o árbitro para falar sobre o ocorrido. O jogo terminou com vitória do time paranaense por 1x0.>
De acordo com a súmula, Allano acusou Miguelito de ter sido chamado de "preto cagão". O juiz então paralisou o duelo e realizou o chamado protocolo antirracismo, anunciando nos alto-falantes do estádio o que havia acontecido. O árbitro informou que "nenhum integrante da equipe de arbitragem no campo de jogo viu e/ou ouviu tal incidente". O jogador do América-MG precisou ser contido pelos companheiros enquanto tentava reagir.>
"Relato que aos 30 min do primeiro tempo, o atleta numero 29 da equipe mandante, sr. Allano Brendon de Souza Lima, veio até minha direção, alegando ter sido chamado de "preto cagão" pelo atleta Miguel Angel Terceros Acuna, numero 07 da equipe visitante. Informo que nenhum integrante da equipe de arbitragem no campo de jogo viu e/ou ouviu tal incidente", diz o documento.>
"Após a comunicação do atleta da equipe mandante, imediatamente foi realizado o protocolo antirracismo, em sua primeira etapa, a qual consiste na paralisação do jogo, realização do gestual antirracista e o anuncio feito no estádio explicando o motivo da paralisação do jogo e que se o incidente não cessasse, a partida seria interrompida", completa.>
Durante a pausa, houve discussão entre os jogadores e espera do árbitro para uma possível verificação de imagens. O jogo foi retomado sem alterações ou cartão. Neste tempo, houve uma nova confusão, entre jogadores do América-MG e torcedores do Operário-PR que estavam atrás do banco.>
"Em tempo, informo que, enquanto os suplentes de ambas as equipes retornavam aos seus respectivos bancos de reservas, o atleta número 04 da equipe visitante, sr. Pedro Henrique Barcelos da Silva, noticiou que membro da comissão técnica de sua equipe foi atingido por líquido não identificado e cusparada vinda de um torcedor que se localizava no local destinado aos torcedores da equipe mandante. Devido a alegação dos jogadores suplentes da equipe visitante de falta de segurança para o retorno ao banco de reservas, foi aguardado a chegada da Polícia Militar, a qual identificou o infrator e o retirou das imediações. Após a retirada, os atletas retornaram ao banco de suplentes. Até o término da presente súmula, não foi apresentado nenhum boletim de ocorrência a equipe de arbitragem", completou o juiz na súmula.>
Como não viu nada, o árbitro não tomou nenhuma atitude em relação a Miguelito, que ficou em campo até o intervalo, quando foi substituído.>
"Por fim, relato que aos 30 min do segundo tempo foi arremessado um copo com líquido não identificado em direção de atleta da equipe visitante enquanto o mesmo se posicionava para a cobrança de tiro de canto em favor de sua equipe. O copo foi arremessado por sujeito não identificado que se situava no espaço destinado aos torcedores da equipe mandante e não atingiu ninguém", finaliza o relato.>
A CBF ainda não se manifestou sobre o caso. O América-MG também não se posicionou. Já o Operário-PR afirmou que irá prestar todo apoio ao jogador Allano e lamentou a continuidade do jogo sem modificações, uma vez que o protocolo foi acionado. Além disso, o clube afirmou que está buscando imagens claras que confirmem as acusações do atacante.>