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De hit dos anos 90 a um hino do futebol: conheça a história por trás da música do Mundial de Clubes

De canto alternativo na Eurocopa a trilha sonora do Mundial de Clubes, 'Freed From Desire' atravessa décadas para virar hino do mundo da bola

  • Foto do(a) author(a) Pedro Carreiro
  • Pedro Carreiro

Publicado em 26 de junho de 2025 às 05:30

Gala Rizzatto é a autora da música tema do Mundial de Clubes
Gala Rizzatto é a autora da música tema do Mundial de Clubes Crédito: Juan Valentin e Divulgação/Fifa

bom desempenho dos clubes brasileiros, o calor intenso, os estádios vazios e o desfile de craques em campo são alguns dos fatores que podem ter chamado atenção de quem acompanha o Mundial de Clubes. No entanto, um detalhe em especial vem se destacando e prendendo a atenção de absolutamente todos, seja de forma positiva, pela melodia contagiante, ou negativa, por soar irritante: a música-tema do torneio. O trecho “Na na na na”, da canção Freed From Desire, grudou como chiclete na cabeça do público.

Freed From Desire

Freed from Desire (“livre do desejo”, em portugês) é uma música do gênero eurodance lançada em 1996 pela cantora e compositora italiana Gala Rizzatto. Produzida pelos DJs Molella e Phil Jay, a faixa foi o primeiro single do álbum de estreia da artista, Come into My Life (1997).

O sucesso foi imediato em diversos países da Europa: alcançou o primeiro lugar nas paradas da França e Bélgica. No Reino Unido, onde foi lançada em julho de 1997, chegou ao segundo lugar na parada oficial de singles, permanecendo por oito semanas entre as dez mais tocadas e 14 semanas no ranking geral das 75 músicas mais populares.

O desempenho comercial da música foi reconhecido com várias certificações importantes: disco de diamante na França, duplo platina na Bélgica e na Itália, e triplo platina no Reino Unido.

Will Grigg’s on Fire

Após o grande sucesso nos anos 1990, a música acabou caindo no esquecimento e só voltou aos holofotes em 2016, quando um torcedor do modesto Wigan Athletic — então na terceira divisão do futebol inglês — criou uma paródia para homenagear o atacante Will Grigg. A nova letra dizia: "Will Grigg's on fire, your defense is terrified" (“Will Grigg está pegando fogo, sua defesa está apavorada”, em português).

O torcedor publicou a versão no YouTube, o vídeo viralizou, e a torcida do Wigan rapidamente abraçou a música, entoando-a em pubs e no estádio. O fenômeno ganhou proporções ainda maiores quando os torcedores da Irlanda do Norte, de Will Grigg, começaram a cantá-la nas arquibancadas da Eurocopa de 2016. A partir daí, clubes de toda a Europa passaram a adotar a melodia como um verdadeiro hino, criando versões personalizadas para seus próprios ídolos.

Mensagem por trás da música

Mas como uma música que fala sobre libertação dos desejos materiais e a busca por valores mais profundos e espirituais acabou sendo escolhida pela Fifa como trilha sonora da primeira edição da Copa do Mundo de Clubes? O fenômeno iniciado pelos torcedores do Wigan e da Irlanda do Norte ajudou a recolocar a música em evidência, mas foi a melodia da versão original que realmente justificou a escolha.

Atenta ao potencial viral da melodia, a Fifa optou por uma adaptação da música para embalar a competição. A versão atual, com vocais digitais e sem letra, mantém a estrutura original e o refrão marcante, o suficiente para fazer a música voltar a grudar feito chiclete na cabeça de todos que a escutem.

Mas esse não é um caso isolado. A apropriação de clássicos musicais é uma prática comum no futebol, em especial na Inglaterra, onde a música desempenha um papel fundamental na construção da identidade das torcidas e das competições.

Um exemplo emblemático é “Seven Nation Army”, do White Stripes: seu riff marcante — “Ô-ôôô-ô” — se tornou um verdadeiro hino nos estádios e foi trilha sonora da Eurocopa de 2021.

Embora Freed From Desire não fale diretamente sobre futebol, como outros hinos icônicos do futebol, como é o caso de Waka-Waka, que foi feito pela cantora colombiana Shakira para a Copa do Mundo de 2010, Gala curtiu o fato da música ter sido adotada pelo mundo da bola. Em entrevista ao The Guardian, em 2024, ela comentou sobre o fenômeno.

“Se você pensar especificamente no Will Grigg, é engraçado porque ele é o azarão. E eu pensei: Meu Deus! Não poderia ter acontecido com um tipo de jogador melhor. Não começou com o Lionel Messi, começou com o azarão”, destacou.

“Pra mim, não importa quem adote a música. Se quiserem aplicá-la ao esporte, tudo bem. Mas, enquanto isso acontecia em Paris, a música estava sendo usada por mulheres em marchas, pessoas LGBTQ+, estudantes em protestos contra o governo. Então, ela tem uma energia própria. Fico feliz que as pessoas encontrem alegria nela. Imagina se um grupo nazista tivesse se apropriado dela? É fantástico que tenha ido para o esporte e para causas que se alinham com minhas ideias de empoderamento e busca pela paixão”, destacou.