Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Alan Pinheiro
Publicado em 30 de maio de 2025 às 20:48
A eliminação na Copa Sul-Americana na última quarta-feira (28) gerou insatisfação nos torcedores do Vitória e uma entrevista coletiva concedida pelo presidente do clube, Fábio Mota, nesta sexta-feira (30), para responder perguntas de jornalistas sobre o momento do clube baiano. O mandatário revelou que o Leão vai contratar um novo executivo de futebol nos próximos dias e já está em conversas com novos jogadores.
Fábio Mota
Presidente do VitóriaO presidente também falou entre quatro a seis novos jogadores que devem desembarcar na Toca do Leão para a reapresentação da equipe após o Mundial de Clubes, que vai acontecer no dia 27 de junho. De acordo com Mota, essa reapresentação vai contar com muitos rostos novos e a ausência de outros jogadores que devem deixar o Leão nos próximos dias.
Como o torcedor Fábio Mota está se sentindo hoje e o que ele esperaria que o presidente Fábio Mota fizesse?
"Eu sou torcedor de arquibancada e por isso sei que o torcedor é passional. Por lembrar que sou presidente, não tomo decisões 48 horas depois de qualquer resultado ruim ou bom. Quando é ruim, são 48 horas de aflição. Quando o resultado é bom, são 48 horas de uma felicidade exacerbada. Evidente que eu estou muito chateado, ninguém esperaria que a gente fosse eliminado da forma que foi, tínhamos expectativas maiores na Copa Sul-Americana. Agora é assumir as responsabilidades e sair da situação. Nosso foco agora é a Série A e a Copa do Nordeste".
O que será feito pelo Vitória para mudar a má fase na temporada?
"Vamos ter mudanças drásticas em todos os sentidos. Temos que ter cuidado, responsabilidade, discernimento para tomar atitudes de um clube do tamanho do Vitória. A gente vai ter uma parada, o nosso último jogo contra o Cruzeiro é dia 12. Depois disso, a gente vai ter 15 dias de paralisação no futebol brasileiro, vai estar todo mundo de férias. Temos uma janela que fecha 27 de julho e a ideia nossa é corrigir rumos administrativos. Estamos contratando um executivo de futebol para nos ajudar a montar a nova janela. Temos dois jogos a fazer e, no nosso planejamento, queríamos parar com 15 pontos. O que fugiu foi o jogo do Santos, que considerávamos ter os três pontos. A partir da retomada, teremos mais 26 rodadas para disputar. Nós temos tempo para ajustar o elenco. Ano passado nós tivemos um prazo bem menor do que esse, foi um turno inteiro e nós conseguimos".
Aumento considerável na folha salarial mensal do elenco e desequilíbrio na formação do elenco
"Temos uma folha de 6 milhões no ano passado passando para 9, é a 17ª do Campeonato Brasileiro. Estamos na frente apenas de Juventude, Ceará e Mirassol. Quando a gente começou a contratar esse elenco, a torcida apoiou a maioria das contratações. É evidente que houve a frustração da torcida, da diretoria, porque nós esperávamos muito mais de muitos jogadores que aqui chegaram, mas é o risco da contratação. A gente só minimiza os erros quando a gente contrata menos. E a gente só contrata menos quando a gente tem uma base forte".
"Nós estamos em reconstrução da nossa base, assim como Vitória como um todo. Ela está se tornando forte, nós acabamos de ganhar um campeonato na Argentina e acabamos de subir para a Série A do sub-20. Sem sombra de dúvida daqui dois ou três anos a gente volta a ter pelo menos 50% dos jogadores da base. Por isso a gente contrata um número grande e quando você contrata um número grande, você tem risco de errar. As contratações que foram feitas dentro de um perfil do que a gente pretendia jogar. Algumas não deram certo, outras deram e agora está na hora da gente fazer a correção".
Já está na hora de reavaliar os critérios adotados pela gestão do departamento de futebol?
"Critério certo e lógico é você errar menos nas contratações. Você tenta minimizar os erros das contratações, mas às vezes nem sempre dá certo. Temos uma parada do Campeonato Brasileiro para o Vitória e vamos ter tempo hábil para contratar, para reavaliar e para fazer essa reflexão. Devemos anunciar um novo executivo de futebol para o clube nos próximos dias".
Universidad Católica x Vitória, pela Copa Sul-Americana
O torcedor deve confiar nas mudanças realizadas?
"A gente tem a janela até dia 27 de julho para contratar. Então eu considero sim que a gente precisa reavaliar. Já estamos reavaliando. Terão saídas e chegadas de jogadores. Já tomamos algumas atitudes internas entre nós, entre os jogadores. Pode ter certeza, torcedor rubro-negro, voltaremos bem melhores depois da parada e na retomada do Campeonato Brasileiro".
Qual o planejamento visando não perder o torcedor?
"Nós estamos a um ponto fora da zona do rebaixamento. Se a gente ganhar uma partida, saímos da zona do rebaixamento. Não estamos falando de terra arrasada. O momento é ruim, sim. Tem que corrigir, sim. Tem que melhorar sim, tem que tomar providência sim, nós vamos tomar essas providências. Campeonato não acabou. Teremos um novo time brigando por coisas maiores no campeonato, que é o que a gente projetou".
Avaliação do uso da base e declarações recentes de Thiago Carpini
"Primeiro que a declaração não foi essa. Ele disse que quando nós chegamos no Vitória, o pessoal da base não tinha nem comida para comer. O futuro do Vitória está na base. Nós reformulamos toda a base, tanto da parte física, como do campo, como de fisiologia, fisioterapia, médico. A base do Vitória hoje tá no nível da base dos grandes clubes do Brasil. E nós teremos uma base forte e sólida no máximo daqui a dois ou três anos. Segundo que é evidente que a gente tem grandes valores na base, os jogadores são monitorados por quase todos os clubes. A gente tem que ter cuidado para não acabar queimando os meninos da base, por isso que a gente empresta, para ganhar experiência, voltar e jogar no Vitória".
Thiago Carpini sob o comando do Vitória
Queda de rendimento e medidas tomadas para reverter essa situação
"14 milhões hoje custa um jogador que o Sport de Recife contratou. O Vitória foi o clube que menos investiu no Campeonato Brasileiro. 14 milhões para o futebol não é nada. E mesmo assim temos dívida. Erramos em algumas, acertamos em outras. Estamos com uma campanha igual a campanha do ano passado. A diferença é que a gente terminou o primeiro turno ano passado com 15 pontos. O que o Vitória precisa agora é ter calma".
Onde o Vitória errou mais neste ano?
"Para você disputar cinco competições, tem que ter estrutura. Trabalhamos muito para ter estrutura, voo fretado na Sul Americana, condições boas de treinamento, hotéis etc. Erramos na formação do elenco. Quando se vai contratar, tem um rito de contratação que começa no Headscout, no monitoramento, passa pelo diretor, pelo treinador e chega no presidente, que no fim é quem paga a conta. Orçamento é previsão orçamentária. Você faz uma previsão que você vai arrecadar x, não quer dizer que você tem. Depois da previsão, você sai correndo para encontrar o x para poder fazer o gasto. E é assim que tem sido nesses 3 anos que nós não temos recursos sobrando e dinheiro em caixa para fazer contratação".
"Os erros foram na montagem de elenco. São erros que são corrigíveis, temos que trazer quatro, cinco, seis peças e vamos trazer com calma para não continuar errando. Não é sair por aí contratando de qualquer jeito. Hoje a gente já tem a noção exata do que a gente precisa. Muitos jogadores que estão no Vitória hoje vão deixar o clube e outros vão chegar".
Reavaliação dos objetivos para a temporada
"Se tiver que pedir desculpa, peço desculpa. A forma que nós montamos era para coisa maiores, tanto na Copa do Brasil como na Sul-Americana. No Campeonato Baiano, o nosso objetivo era chegar na final, chegamos. A Copa do Nordeste, terminamos em primeiro da competição e eu sempre disse que a nossa prioridade era Copa do Nordeste. Abrimos mão do Campeonato Baiano para jogar a Copa do Nordeste. A verdade é essa, altos e baixos. O que é que a gente precisa agora? Reequilibrar o elenco, reequilibrar a confiança dos atletas, reequilibrar com novas peças para oxigenar o clube. Um executivo de futebol vai se somar com a gente para tentar diminuir os erros e acertar na próxima janela".
Contraste entre o discurso de fortalecimento do elenco e os resultados em campo
"Aumentamos o investimento, mesmo pouco, mas aumentamos. Repito, quando fizemos as contratações, foram festejadas por mim e pela torcida. Não deu certo. Graças a Deus que tem tempo de mudar e esse ano o tempo é maior do que o ano passado. O ano passado a gente só tinha um turno inteiro para fazer a mudança. Esse ano, a gente tem 28 rodadas para fazer a mudança. A partir da 13ª rodada, vamos jogar com reforços, com modelagem diferente e com um rumo corrigido para sair dessa situação".
Jogadores do Vitória com mais jogos pelo clube
O Vitória será mais agressivo no mercado?
"Sabemos que temos que reforçar e dispensar. Quando dispensa, tem a rescisão. E na hora que você vai buscar, ninguém também vem de graça. O Vitória nesse exato momento está em contato com jogadores, com contratações adiantadas que a gente vai aguardar a paralisação do campeonato. Não adianta você trazer jogadores agora pelas férias no futebol brasileiro. No dia 27 de junho, quando o Vitória se reapresentar, terá várias caras novas e muitos dos que estão hoje no Vitória não estarão. Os atletas só vão poder jogar a partir da 13ª rodada".
Expectativa criada impactou negativamente no desempenho da equipe e na avaliação do torcedor?
"Para você conseguir algo na vida, o primeiro ponto é você acreditar. Se eu não acreditar no clube que eu sou o presidente, quem é que vai acreditar? Minhas expectativas são sempre para cima mesmo. Infelizmente erramos, saímos na primeira fase da Sul-Americana. Não vou debater mais isso. A nossa realidade nesse exato momento é primeiro se estabelecer no Campeonato Brasileiro, depois buscar coisas maiores e ir para a final da Copa do Nordeste".
Erros no setor ofensivo
"Os resultados mostram que nosso maior problema é o ataque. No Ba-Vi a gente teve mais chance do que o Bahia, não fizemos os gols. O Santos, nós tivemos mais chance e não conseguimos. No último jogo não se fala, nós tivemos que fazer o gol contra para perder o jogo, porque o outro time não teve nenhuma chance".
Principal medida para conquistar os objetivos na Copa do Nordeste e no Campeonato Brasileiro
"Estamos contratando um executivo de futebol. Certo, vamos aguardar os dois jogos próximos do Vitória, vamos analisar o trabalho da comissão técnica jogo a jogo. Temos uma paralisação dia 12 e vamos ficar 15 dias sem futebol parado. É o tempo que a gente tem para contratar, trazer as peças necessárias, corrigir o rumo e sair dessa situação".
Qual a participação de Thiago Carpini no processo de contratações?
"Thiago Carpini, como qualquer treinador, opina nas contratações. Não existe você fazer contratação sem o treinador não participar. Se você contrata o jogador e o treinador não quer, não bota nem para jogar. O papel do treinado é essencial. Primeiro, existe o poder de convencimento para você trazer o atleta para o clube. O treinador entra também nas indicações, mas ele não é o ser supremo da contratação, ele faz parte. É um processo. Não é porque Luiz indicou que o Vitória contrata, não é porque João indicou que o Vitória contrata. É todo um rito processual, são etapas e processos até você chegar na escolha daquela contratação. Quando erra, erra todo mundo. Quando acerta, acerta todo mundo".