CASO JOEL

'Eles negaram socorro', diz irmã de Joel sobre policiais envolvidos na morte

Júri popular acontece no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador

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  • Bruno Wendel

Publicado em 6 de maio de 2024 às 11:35

Jéssica Castro, irmã de Joel, é uma das testemunhas
Jéssica Castro, irmã de Joel, é uma das testemunhas Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

Treze anos após a morte do irmão Joel, Jéssica Castro lembra com detalhes do dia do crime. Nesta segunda-feira (6), ela esteve no tribunal do júri, no Fórum Ruy Barbosa, e relatou o que aconteceu no que considera o pior dia da sua vida.

"Estávamos na frente de casa, eu e um casal de amigos, e ouvimos muitos tiros. Então, eu fui para a minha casa e eles para a casa deles. Eu subi e Joel falou que estava tendo muito tiro lá fora. Foi questão de algum tempinho, e eu já vi Joel no chão do quarto, caído. Comecei a gritar. Meu outro irmão acordou e pegou Joel para dar socorro. Os policiais negaram socorro e falaram vários palavrões. Descemos para pedir socorro e quem ajudou foi o esposo de minha vizinha", narrou ela. 

Momentos antes do crime, segundo Jéssica, o cenário no bairro era de tranquilidade. "Estava tudo tranquilo, pessoas voltando para o trabalho, indo passear. Desde cedo não havia polícia no local. Os policiais só chegaram na situação da morte de Joel", completou.

A irmã relatou ainda que os xingamentos não ocorreram apenas no dia da morte de Joel. Após o caso ganhar repercussão, ela e a família foram alvos de ataques e ameaças. "Por duas ou três vezes, passaram na nossa casa falando vários xingamentos de baixo calão: 'puta, vagabunda'. Estavam de balaclava, e eu estava sozinha em casa", respondeu ela, ao ser questionada pela assistência do MP sobre as ameaças. Como os agressores estavam de rosto coberto, ela não soube informar quem eram.

Jéssica também deu detalhes sobre a personalidade do irmão e da casa onde viviam. "Naquela época, a gente não tinha cama, a janela era de madeira. Foi algo muito rápido, mas ele estava perto da janela. Eu só vi ele caído. Joel era inteligente, carismático. Ele fez uma campanha do Governo do Estado, para o turismo. Ele ficou muito alegre, dizia que ia mudar a história de nossa família com esse dinheiro. Ele tinha 10 anos, mas com a cabeça de 18", lembrou.

Para compor o júri, foram escolhidos cinco homens e duas mulheres. Além deles, foram convocadas outras 14 testemunhas, sendo quatro de acusação e 10 de defesa, sendo cinco de cada réu.

O menino Joel chegou a participar de uma propaganda turística do governo do estado, no verão de 2009/2010
O menino Joel chegou a participar de uma propaganda turística do governo do estado, no verão de 2009/2010 Crédito: Reprodução