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Wendel de Novais
Publicado em 15 de abril de 2025 às 12:19
Irmã de Sara Freitas, Soraia Freitas relembrou que foi a primeira pessoa da família a ser informada sobre o desaparecimento da pastora. O marido de Sara, Ederlan Mariano, comunicou o sumiço da esposa através de um aplicativo de mensagens. Soraia falou nesta terça-feira (15), durante o júri de Gideão Duarte Lima, um dos quatro acusados pela morte de Sara. O julgamento acontece desde a amanhã no Fórum de Dias D'Ávila, na Grande Salvador.>
Gideão teria sido o responsável por ser o motorista no dia do crime. “Ederlan afirmou, em reportagem, que Gideão fazia corridas para Sara em algumas agendas. Ele mesmo falou isso e foi assim que fiquei sabendo que ele fazia o transporte dela”, contou Soraia. Ela foi a segunda testemunha de acusação a ser ouvida, depois do cantor gospel Davi Oliveira. >
Ela confirmou que Sara conhecia Gideão. “Ela conhecia esse rapaz [Gideão]. Conhecia ele por conta de Ederlan e confiou que ele levaria ela para a agenda em Dias D’Ávila, mas não foi o que aconteceu”, lamentou. >
Soraia relembrou da mensagem recebida do cunhado, que é acusado de ser o mandante da morte de Sara. Na época, ele afirmou que Sara havia sumido, sem dar notícia, após ir para uma agenda de trabalho em Dias D’Ávila. A mensagem foi enviada um dia depois do desaparecimento. >
“Eu estranhei essa mensagem dele e achei que tinha algo não explicado, porque quem montava a agenda de Sara era Ederlan. Ele sabia de todas as agendas dela, estava por dentro de todos os compromissos que ela tinha e era muito esquisito ela sumir dessa forma, sem que ele soubesse de nada”, afirmou. >
Ela relembrou que Ederlan já teria agredido sua irmã. “Suspeitei dele porque a minha irmã já estava relatando tanto para mim como minha mãe que Ederlan estava muito alterado dentro de casa e a agredindo. Inclusive, ela relatava que ele a ameaçou de morte, dizendo que, se ela fugisse de casa, ele iria até o inferno atrás dela”, contou. >
Ederlan controlava Sara, contou Soraia. “Se ela fosse no salão, ele estava lá. Todo passo que a minha irmã dava ele sabia. Sara só ia ao shopping se ele permitisse. Caso Ederlan não deixasse, ela não ia. Ele acompanhava ela em praticamente todas as agendas e, quando não ia, sabia de cada detalhe para onde, como e quando ela estava indo”, acrescentou. >
Por conta desse relacionamento abusivo, a pastora estava pensando em se divorciar. “Há um tempo, Sara falava sobre a vontade de se separar de Ederlan, que só ficava em casa e queria fazer dinheiro com vídeo, mas isso não estava mais acontecendo. Ela se mantinha pelo Bolsa Família e não cobrava cachê para ir nas igrejas. Na saída do culto, apenas vendia DVds dela para que os irmãos da igreja comprassem e ajudem ela”, explicou a testemunha. >
A irmã relembrou ainda que Sara tinha certa quantia em dinheiro que mantinha escondida para evitar que o marido se apossasse. “Sara contou que tinha um dinheiro guardado em uma caixa de sapato e que precisava colocar em uma conta. Ela dizia que era muito dinheiro, de R$ 15 a R$ 20 mil, e que queria colocar em uma conta para que Ederlan não tivesse acesso porque ele sugava tudo dela”.>
A pastora suspeita que Ederlan tinha clonado seu celular. "Ela sabia que ele queria monitorar as conversas dela porque tinha a intenção de sair de casa sem ele saber. Sara só estava esperando o mês das aulas da filha dela acabar”.>
O Ministério Público dispensou a oitiva de Dolores Freitas, mãe de Sara. A decisão aconteceu por problemas técnicos. Desde o início do júri, tentaram estabelecer conexão na vídeo chamada com ela, que está no Maranhão. No entanto, a câmera de Dolores não funcionava e apenas o áudio estava disponível. Por isso, tiraram o depoimento. Agora, faltam apenas quatro testemunhas de acusação. Duas já foram ouvidas, sendo elas o cantor gospel Davi Oliveira e Soraia Freitas, irmã de Sara. Depois, será a vez das testemunhas de defesa. >
O crime, de acordo com a investigação, teve Ederlan Mariano, marido da vítima, como autor intelectual. Já os executores apontados pelo inquérito policial são Bispo Zadoque e Victor Gabriel. Os três, no entanto, ainda não vão passar porque interpuseram recurso quando a data foi estipulada e o caso foi desmembrado. >