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Millena Marques
Publicado em 16 de abril de 2025 às 19:22
O policial militar e influencer Lázaro Alexandre Pereira de Andrade, mais conhecido como 'Tchaca', foi um dos 24 presos na segunda fase da Operação Falsas, defladada na semana passada. De acordo com investigação, o grupo movimentou cerca de R$ 500 milhões através de rifas ilegais. Mas, afinal, qual é o real envolvimento de Tchaca no esquema? >
O CORREIO teve acesso aos autos da investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco) nesta quarta-feira (16). O documento afirma que há "fortes indícios" do envolvimento de Tchaca em atividades criminosas, incluindo "acesso indevido a informações sigilosas, corrupção ativa e relação estreita com membros da organização criminosa." >
Na última etapa de interceptação telefônica, entre 10 de dezembro de 2024 e 27 de dezembro do mesmo ano, a equipe de monitoramento capturou diálogos do investigado. Nas conversas, Tchaca confessou que, até um ano atrás, fazia rifas - ilegais - e relatou um suposto esquema de extorsão envolvendo um servidor do Judiciário, no qual o advogado Ivan Jezler atuaria como intermediador. >
Tchaca é um dos sete policiais que foram presos durante a operação Falsas Promessas. Ele, aliás, é figura conhecida na Bahia. O PM foi alvo de denúncia do Ministério Público (MP) por participar da Chacina do Cabula, já teve a prisão militar decretada por usar as redes para propaganda partidária e acumulou, em meio a polêmicas, ao menos 130 mil seguidores nas redes sociais.>
Em nota, a assessoria do PM afirma que Tchaca nega o envolvimento com atividades ilícitas. "Sua prisão se deu unicamente por alegações relacionadas à suposta interferência no curso da operação, sem vínculo direto com os crimes principais investigados", diz trecho.>
A segunda fase da Operação Falsas Promessas foi encerrada na última quarta-feira (9), com 24 presos, entre eles sete policiais militares. A ação teve como objetivo desarticular uma organização criminosa especializada em rifas ilegais e lavagem de dinheiro, com atuação em diversas cidades da Bahia.>
Entre os capturados estão quatro investigados apontados como lideranças do grupo, localizados em regiões estratégicas como Salvador, Região Metropolitana, Juazeiro, São Felipe e no estado de São Paulo. Eles exerciam funções centrais na estrutura criminosa, coordenando atividades e articulando o esquema de movimentação financeira.>
Entre os detidos estão rifeiros, influenciadores e policiais militares. Nomes como Ramhon Dias, Nanan Premiações, Franklin Reis e Gabriela Silva foram alvos da operação.>
O grupo atuava em Salvador, RMS, Vera Cruz, São Felipe, Juazeiro e Nazaré, utilizando uma estrutura sofisticada de empresas de fachada e “laranjas” para ocultar a origem dos valores arrecadados ilegalmente com rifas fraudulentas.>
Ao todo, foram apreendidas cinco armas de fogo e 27 veículos, sendo 15 localizados em Salvador e 12 no interior. Entre os automóveis estão modelos de alto padrão como uma Hilux, um Jeep Renegade, uma Mercedes C200, uma Mercedes AMG e uma Range Rover. Também foram recolhidos relógios de luxo, R$ 14 mil em espécie, celulares, munições e notebooks. A Justiça autorizou o bloqueio de até R$ 10 milhões por CPF ou CNPJ investigado, totalizando R$ 680 milhões em bens e valores relacionados ao esquema.>