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Maysa Polcri
Publicado em 18 de novembro de 2024 às 14:45
As famílias de Manoel Francisco da Silva, 54, e Ariston de Jesus, 61, mortos em queda de elevador, na quinta-feira (14), em Salvador, vão processar o condomínio e as empresas envolvidas no incidente. A informação foi confirmada por Gustavo Neiva, advogado dos familiares, nesta segunda-feira (18). Segundo a defesa, relatos de moradores demonstram que houve negligência, já que o elevador que despencou teria apresentado falhas dias antes. >
"Entendemos que as provas reunidas até agora são suficientes para que ingressemos com o processo. Recebemos ligações de pessoas que se prontificaram em ser testemunhas. Elas trabalham no condomínio e vivenciaram, durante muito tempo, as falhas que ocorriam no elevador. Não foi algo isolado", analisa Gustavo Neiva. >
O processo deverá ser aberto no âmbito trabalhista nesta semana. Também serão feitos pedidos de indenização por danos morais e materiais.>
Na última quinta-feira (14), as vítimas utilizavam o elevador de serviço do edifício Splendor Reserva do Horto para transportar mudanças de uma apartamento no 6º andar. A cabine ficou completamente destruída, e Corpo de Bombeiros, que foi acionado às 10h21, só terminou o resgate duas horas depois. As causas do incidente estão sendo investigadas pela 6ª Delegacia de Polícia/Brotas.>
A administração do condomínio do edifício afirmou que a manutenção estava em dia e a última avaliação do equipamento havia sido feita no dia 9 de novembro, quando um técnico validou a segurança. Segundo o Splendor, o condomínio tem contrato para manutenção dos elevadores com a Atlas, que é fabricante dos equipamentos, desde fevereiro de 2021. >
A manutenção acontecia mensalmente nos dois elevadores sociais e nos dois de serviço, diz o texto, "e, segundo a empresa, estavam em perfeitas condições de operação no momento do ocorrido". Manoel Francisco da Silva, 54, e Ariston de Jesus, 61, prestavam serviço para Bom Preço Mudanças. A empresa defende que a responsabilidade jurídica do acidente deve recair sobre a gestão do condomínio.>
"Poderia acontecer com qualquer pessoa. Infelizmente, aconteceu com esses dois pais de família, mas a Bom Preço e o Seu Alberto [dono da empresa] se colocam à disposição, inclusive para colocar os seus advogados para ajudar as famílias, porque a responsabilidade é toda e exclusiva do condomínio", afirmou o advogado da Bom Preço Mudanças. >
A Atlas, fabricante do elevador e responsável pela manutenção, lamentou a morte dos trabalhadores e afirmou que está cooperando com as autoridades na investigação. Para Gustavo Neiva, advogado dos parentes das vítimas, as partes envolvidas não querem assumir a responsabilidade. >
"Nem o condomínio, nem a empregadora, nem a empresa de elevadores entraram em contato para absolutamente nada. Está um jogo de empurra, em que cada um diz que a responsabilidade é do outro. Na nossa parte, estamos trabalhando para ajuizar a ação junto à Justiça do Trabalho", analisa Gustavo Neiva. >
Além de funcionários da mesma empresa de mudança, as duas vítimas que morreram na queda do elevador no bairro do Horto Florestal, em Salvador, eram vizinhas e amigas há anos. Ariston de Jesus e Manoel Francisco da Silva moravam no bairro de Paripe, no subúrbio ferroviário da capital baiana, e eram conhecidas como pessoas alegres e trabalhadoras.>
A despedida das vítimas ocorreu no Cemitério Parque Bosque da Paz, em Nova Brasília, na sexta-feira (15). Em meio a uma multidão vestida de preto, carregando flores, o clima era de comoção e indignação. O enterro estava planejado para acontecer às 14h30, mas houve atraso na chegada dos corpos para a cerimônia. >
Os presentes, que estavam atordoados com a perda, caíram em lágrimas quando os caixões entraram nas salas 4 e 5 do cemitério. Uma coroa de flores prestava uma última homenagem às vítimas: “Com todo amor e carinho de sua família”.>
Familiares denunciaram que os corpos de Ariston e Manoel foram trocados no Instituto Médico Legal (IML) Nina Rodrigues, o que é negado pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). >