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Wendel de Novais
Publicado em 20 de maio de 2025 às 14:00
A madrugada de terror registrada em Bom Juá e Arraial do Retiro durante tiroteios entre as facções Comando Vermelho (CV) e Bonde do Maluco (BDM) foi resultado de uma corrida em torno de um traficante conhecido pelo vulgo da Pão. Integrante do CV e figura comum em ataques da facção carioca em territórios de Salvador, o criminoso foi sequestrado pelo BDM em uma ação criminosa com o objetivo de enfraquecer o grupo rival e mostrar poder através da violência armada. >
Isso é o que explica um investigador ouvido pela reportagem, que detalha o caso como algo rotineiro na dinâmica de guerra entre as facções criminosas. “É comum eles sequestrarem e matarem rivais para ganhar força na guerra. Foi justamente o que aconteceu com esse Pão, que foi pego pelo BDM e morto pelos traficantes rivais nas margens da BR-324, que separa os territórios das duas facções”, fala a fonte policial, que pede para ter a identidade preservada. >
A morte de Pão foi confirmada pela Polícia Civil, que vai investigar o caso através do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) após encontrar o corpo do homem, que ainda não foi identificado, no local do crime na manhã desta terça-feira (20). Antes da chegada dos policiais, no entanto, a execução do traficante fez com que os traficantes do CV, que são do Arraial do Retiro, invadissem o Bom Juá, onde ficam os integrantes do BDM responsáveis pela execução, atrás de vingança. >
A ação de resposta do CV causou uma madrugada de confrontos que foi registrada em vídeos por moradores de Bom Juá, Arraial do Retiro, Mata Escura e Calabetão, como apurou a reportagem em matéria. O centro do confronto seria Bom Juá, mas os disparos foram ouvidos de forma clara nos outros bairros da cidade por conta do nível de armamento empregado no tiroteio. >
“Nas imagens que circulam das ruas, você já tem ideia do impacto dessa guerra. Pode reparar que havia centenas de cápsulas de fuzil, que é uma arma empregada em disputas mais contundentes por território. ‘Gente grande’ das duas facções foram para esse embate, mas ninguém, além de Pão, foi morto pelo que sabemos”, completa a fonte policial. >
O prejuízo ficou para os moradores que, além de passar a madrugada em claro, precisaram lidar com os estragos da disputa armada. “Quando foi agora de manhã, a gente saiu e viu uma destruição. Tem carro estourado, muita cápsula no chão e até as paredes estão marcadas”, informou uma moradora, que tem medo de se identificar. No local, há ainda o temor de que o confronto volte a se repetir entre as facções. >