Sindicato vai se reunir com Secretaria de Educação para tratar da medida que institui 'aprovação em massa'

APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia informou que tomará medidas legais contra portaria do governo

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  • Yasmin Oliveira

Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 15:38

O coordenador-geral da APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, Rui Oliveira, disse que terá uma reunião, nesta quarta-feira (21), entre representantes da entidade e a Secretaria de Educação da Bahia para tratar da portaria editada pelo governo estadual que estimula os professores da rede a aprovarem os estudantes, mesmo aqueles que não frequentaram as aulas ou não obtiveram êxito em todas as disciplinas.

Os professores têm criticado a medida do governo, que foi vista pela APLB como incentivo para a “aprovação em massa” dos alunos. Integrante do sindicato, a professora aposentada Marinalva Nunes condenou a portaria.

“A Secretaria está no caminho equivocado sobre a discussão de como recuperar os índices de qualidade educacional na Bahia. Essa medida somente vai favorecer a recuperação desses números, sem dar conta dos estudantes. Já soube de diversos pais revoltados ao chegar na escola acompanhados dos filhos para o início do ano letivo, contou.

A coordenadora pedagógica Arielma Galvão relatou que a portaria foi lançada durante as férias dos professores. Ela também discordou do procedimento. Para ela, os alunos reprovados vão zombar dos estudantes que foram aprovados com base no próprio desempenho. “Vão dizer ‘eu me matriculei, não frequentei, nada fiz e passei’. Vai fazer até chacota daquele que frequentou, que estudou, que fez a sua parte. Vai dizer que não precisa fazer nada disso e passou. Então, como é que fica a escola? A escola pública precisa, sim, ser de qualidade, a gente luta por isso”, afirmou.

Já a docente Meiritania Alencar avaliou que a portaria é “desrespeito” a autonomia dos professores. “Quem está na sala de aula e pode avaliar se o aluno tem condições de avançar de série são os professores dele. Minha escola não tem um laboratório de informática, um laboratório de ciências, não têm instrumentos musicais, nem biblioteca funcionando, as salas são quentes. Mas ao invés de deixar a escola mais interessante para os estudantes, a estratégia do governo para melhorar os índices é aprovar geral. É surreal”, criticou, em uma publicação nas redes sociais.

Rui Oliveira declarou que o sindicato tomará as medidas legais. “Nós vamos denunciar ao Ministério Público estadual, ao Conselho Estadual de Educação, na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e junto à CNTE-Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação”, ressaltou.

O CORREIO buscou uma posição da Secretaria de Educação da Bahia, que não se manifestou até a publicação desta matéria.