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‘Só vou a ter a lembrança dele viva no meu coração’, diz avó de adolescente que morreu após ser espancado no Uruguai

Familiares acusam policiais militares de abordar e agredir o rapaz

  • Foto do(a) author(a) Yan Inácio
  • Foto do(a) author(a) Millena Marques
  • Yan Inácio

  • Millena Marques

Publicado em 1 de maio de 2025 às 16:30

Símbolo feito por adolescente é da Torcida Uniformizada Os Imbatíveis (TUI)
Símbolo feito por garoto é da Torcida Uniformizada Os Imbatíveis (TUI) Crédito: Reprodução

A avó de Kauã Araújo do Santos, adolescente de 15 anos que morreu na segunda-feira (29) após, segundo familiares, ter sido abordado por policiais militares no bairro do Uruguai, só descobriu a morte dele nesta quarta (30). Ela acompanhava o neto no Hospital Geral Roberto Santos, no Cabula, onde estava internado desde o dia 26, e precisou ser dopada porque não conseguia dormir por conta do forte estado de comoção.

“Ela não queria sair do hospital para o pai e a mãe entrarem. A filha que teve que praticamente dopá-la e levar ela pra casa. A avó veio aqui ontem e pegou a camiseta do clube do Vitória. Para poder vestir ele no velório. Mas ela estava muito abatida, muito mesmo”, descreve emocionada Nildete Sena, tia de consideração do rapaz.

Um áudio encaminhado por ela mostra o estado de choque em que a avó do menino se encontra no momento. Kauã era o único neto dela e era tratado como se fosse um filho, chegando até a dormir junto com a matriarca. “Eu estou sem reação para nada, quando penso em enterrar meu neto. Só vou ter a lembrança dele viva no meu coração”, diz a mulher na mensagem, entre muitas lágrimas e soluços.

Segundo Nildete, o menino costumava ficar na porta de sua casa e sempre foi educado com os outros vizinhos do bairro. “Ele vivia na minha casa com meus filhos. Eu levava ele para todos os lugares. Poucos dias atrás ele estava aqui na minha porta e ficava me gritando, ‘ô tia, a senhora vai descer hoje para praia?’ Ele era um menino tão bom, muito educado”, relembra.

Kauã morreu nesta terça-feira (29), após complicações causadas pelas agressões, ele estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Geral Roberto Santos, no Cabula. O velório e o sepultamento serão no Cemitério Municipal de Brotas, mas o horário ainda não foi confirmado. De acordo com Nildete, os familiares devem prestar queixa ao Ministério Público da Bahia (MP-BA)

Entenda o caso

Nildete conta que o garoto saiu da escola pela manhã com dois amigos em direção a uma igreja do Uruguai, conhecida como ‘igrejinha’. Agentes da PM teriam colocado Kauã em uma viatura sem justificativas. Ainda segundo a mulher, o adolescente voltou para casa no final da tarde e informou que foi espancado.

“Levaram ele, botaram ele no carro e levaram. Quando ele chegou [em casa], ele disse que tinha apanhado muito. Ele estava morrendo de dor. Onde pegava nele, ele sentia dor. Quando ele chegou, ele estava pálido, todo branco, o rosto dele tava todo branco”, disse. Kauã morava com a avó.

Segundo Nilzete, Kauã acordou sem a fala na sexta-feira (25). “De sexta para sábado, de madrugada, ele acordou se batendo e com os olhos virados”, disse. O garoto foi levado para a Unidade de Pronto de Atendimento (UPA) de Santo Antônio, no bairro de Roma, no sábado (26). No mesmo dia ele foi transferido para o Hospital Geral Roberto Santos, no Cabula. A morte foi confirmada na terça-feira (29).

Em nota, a Polícia Militar informou que, até o momento, não há registro de ocorrência envolvendo intervenção policial com as características divulgadas, na data e local mencionados. A corporação, aliás, disse que soube do ocorrido por meio de publicações da imprensa. “A PMBA instaurará os procedimentos de apuração pertinentes, conforme preconiza a legislação e os normativos internos”, afirmou. Familiares e amigos de Kauã realizaram um protesto no bairro do Uruguai nesta quarta.