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Tancredo Neves Feliciano de Arruda, preso em flagrante no domingo (11), tem histórico de violência contra mulheres
Maysa Polcri
Gil Santos
Publicado em 12 de agosto de 2024 às 14:38
Antes de engatar relacionamento conturbado com a delegada Patrícia Neves Jackes Aires, o principal suspeito de matá-la foi proibido, pela Justiça, de se aproximar de uma ex-companheira. Em abril deste ano, uma decisão judicial da Vara Criminal de Queimadas renovou a medida protetiva contra Tancredo Neves Lacerda Feliciano de Arruda por seis meses. Ainda segundo o documento, ele praticou violência doméstica contra a vítima.
O nome da mulher que solicitou a medida protetiva de urgência será preservado. O juiz Armando Duarte Mesquita Júnior, responsável pela decisão, afirmou que o pedido de prorrogação da medida foi atendido "a fim de preservar a integridade física e psíquica" da vítima. O documento foi assinado em 15 de abril deste ano.
A decisão indica ainda a obrigatoriedade de Tancredo Neves informar qualquer mudança de endereço ou de contato telefônico. Este não é o único caso de violência contra a mulher envolvendo o principal suspeito de matar a delegada Patrícia Neves, em São Sebastião do Passé.
Em entrevista à reportagem, a delegada Rogéria Araújo, coordenadora do Departamento de Polícia do Interior (Depin), falou sobre o histórico de agressões do suspeito. "Ele negou ter praticado violência contra outras mulheres, apesar de ter sido autuado em flagrante, em Santo Antônio de Jesus. Identificamos outras duas ocorrências de violência doméstica, em Itamaraju, além de Feira de Santana, onde ele agrediu uma médica", afirmou.
"Tudo isso está sendo levado aos autos para mostrar que se trata de uma pessoa contumaz na prática de violência contra as mulheres que foram companheiras dele", completa a delegada. Tancredo Neves chegou a ser preso em flagrante por agressões contra a delegada Patrícia Neves Jackes Aires.
O caso aconteceu em maio deste ano, quando o suspeito foi levado à delegacia, em Santo Antônio de Jesus, com base na Lei Maria da Penha, depois de ter quebrado um dos dedos da companheira. A Justiça decretou uma medida protetiva em defesa da vítima, mas o casal se reconciliou e Tancredo Neves foi solto.
Além dos casos envolvendo violência doméstica, Tancredo Neves exercia medicina ilegalmente na Bahia e chegou a ser indiciado por falsidade ideológica. "Ele se formou em outro país e não passou pelo Revalida. Então, não poderia exercer a profissão de medicina no Brasil", lembrou a delegada Rogéria Araújo, coordenadora da Depin.
Para atuar como médico no Brasil, o profissional formado em instituições de educação superior estrangeiras precisa revalidar o diploma através do exame denominado Revalida.
Relembre o caso
Tancredo Neves Feliciano de Arruda foi autuado em flagrante por feminicídio, após o corpo da delegada Patrícia Neves Jackes Aires ser encontrado no banco do carona do seu veículo, em uma área de mata, no município de São Sebastião do Passé. Fontes ligadas à polícia disseram que havia diversas contradições no depoimento dele.
A Polícia Civil da Bahia disse que lamenta "profundamente a morte da servidora, que estava lotada no plantão da Delegacia Territorial de Santo Antônio de Jesus, e informa que está empenhada com todos os seus departamentos para esclarecer plenamente as circunstâncias do caso e realizar todas as providências de polícia judiciária cabíveis".