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Wendel de Novais
Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2023 às 13:14
O suspeito de participar da morte de uma estudante na região da Garibaldi, em Salvador, era investigado pela Polícia Civil já há algum tempo e tinha envolvimento com vários outros crimes, incluindo a morte de um produtor de TV. Pedro Alex Santos Calheiro, 23 anos, conhecido como Tico, entrou no ‘radar’ da polícia por conta de assaltos e outras ações criminosas de um grupo que atua no Engenho Velho da Federação. Ele foi morto em confronto com as polícias Civil e Militar nesta sexta-feira (14), dois dias depois da estudante Camila Silva dos Santos, 23 anos, ser baleada na Praça Lord Cochrane, ao voltar para casa, e não resistir aos ferimentos. >
Em entrevista coletiva, o delegado Nilton Borba explicou que Tico esteve envolvido no tiroteio no Calabar que deixou um morto. “Essa investigação já corre há algum tempo. Teve um tiroteio no Calabar em que uma mãe e filha foram baleadas. Naquele episódio se começou uma investigação para identificar as pessoas. Nessa oportunidade, conseguimos identificar Tico e outras pessoas. Mas Tico como, digamos assim, o "cabeça" das ações. E começamos a desenvolver investigações com finalidade de localizar e prender Tico”, disse.>
O suspeito também tinha envolvimento em tiroteios na própria região da Garibaldi, onde Camila foi baleada anteontem. “Teve tiroteio na praça da Garibaldi, também se identificou Tico comandando essas ações. Há mais de seis meses a gente já sabia que ele que comanda essas ações violentas todas”, explicou o delegado. Segundo apuração da reportagem, Tico era integrante da facção do Comando Vermelho (CV) e organizava ataques em bairros com atuação de grupos rivais.>
A Polícia Civil monitorava a ação do suspeito pelas redes sociais e foi assim que conseguiu fazer ligação dele a vários crimes, misturando investigação e informação, diz o delegado. “A gente sabe que ele tava no assalto à lotérica do Engenho Velho, porque ele tinha postado fotos portando um fuzil, um fuzil todo diferente, digamos que único. E no dia do assalto o fuzil foi apreendido, estava na mão dele. Na fuga ele deixou o fuzil cair. Da mesma forma, outras investigações de rede social se comprovam que ele que comanda essas ações todas”, diz. “Temos foto dele com outras armas, carregadores, ele se gabando em redes sociais, ameaçando desafetos, traficantes de outros grupos”, enumera o delegado. >
Tico, que ultimamente vinha usando também o apelido de Folha, é apontado como uma das lideranças desse grupo criminoso que age no Engenho Velho e outros pontos. “Ali no Forno, Engenho Velho, Calabar, naquela região. O grupo dele, ele era o encarregado de tomar o ponto de droga. Invadir a localidade, expulsar as pessoas que ali traficavam e assumir esses pontos. Como também era responsável por matar desafetos. Essas ações violentas sempre ele que comandava”, diz Nilton Borba. >
O delegado diz que a área do Engenho Velho onde o suspeito foi morto foi toda mapeada para ajudar na localização de Tico, que já tinha conseguido escapar de pelo menos outras quatro operações para tentar prendê-lo. “Não é a primeira operação que a gente fez para prender Tico. Ali é um local de difícil acesso, muita viela, fácil fuga. A vantagem de quem mora lá é que conhece o terreno. A gente teve que mapear aquele terreno todo para ter êxito na captura de Tico”, afirma. >
Na casa em que Tico estava foram apreendidos maconha, cocaína, diversas munições, uma pistola 9mm com adaptador de metralhadora, machadinha, faca, gandola e um carregador. Ainda não se sabe se a arma encontrada foi a usada no crime. >
“Tanto as vítimas do Calabar quanto a menina vítima na praça da Garibaldi foram atingidas por projéteis 9mm. Não posso afirmar ter sido essa arma que provocou as mortes. Vai ser periciada, vai se fazer comparativo, e vamos ver se vai bater positivo para essa arma aí”, afirma o delegado. >
Morte de produtor>
O produtor José Bonfim Pitangueiras foi morto em abril de 2021, no bairro da Federação, a tiros. Ele estava a caminho do trabalho quando foi surpreendido por homens armados, que atiraram mais de dez vezes. “Elle participou da ação que matou o produtor da TV Record. Foi um dos partícipes, aquele crime foi mais de um autor”, diz o delegado, sobre o envolvimento de Tico nesse homicídio. >
Segundo Borba, a investigação continua e “muita gente” ainda é alvo da polícia. >
“Muitas pessoas ainda estão sendo investigadas. Todas elas, a partir do momento que seja comprovada a participação, vão responder pelo crime. Associação criminosa, ou homicídio. Essas ações violentas causam uma grande intranquilidade à comunidade de bem que mora em bairros mais periféricos e a polícia não vai tolerar”, afirmou. “Todos esses fatos se deram na hora que um grupo de marginais invade o território de outro grupo pra tomar”.>