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Veja como eram as icônicas mansões do Corredor da Vitória antes dos prédios de famosos

Processo de verticalização teve início na década de 1940

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 3 de novembro de 2025 às 05:30

Urbanização do Corredor da Vitória foi intensificada no século XX
Urbanização do Corredor da Vitória foi intensificada no século XX Crédito: Arquivo CORREIO

Talvez você não lembre, mas antes da construção de um dos prédios mais emblemáticos de Salvador, ela estava lá. A Mansão Wildberger foi demolida em janeiro de 2007 para dar lugar ao edifício que, alguns anos mais tarde, seria conhecido como o prédio onde mora um dos cantores baianos mais famosos. Mas muito antes do Corredor da Vitória se consolidar como morada de personalidades baianas - de políticos a artistas - a região era formada por estrangeiros que queriam ficar longe do centro urbano. 

O impulso para tornar a Vitória urbanizada se deu no século XIX, após a Abertura dos Portos às Nações Amigas. O episódio histórico marcou o fim do monopólio comercial português sobre o Brasil e atraiu sobretudo ingleses para a 'nova' América em expansão. Ricos e pretendendo lucrar ainda mais no novo território, os estrangeiros não queriam uma coisa: ficar perto da agonia que era o Centro da cidade.

Corredor da Vitória antes da instalação de bondes elétricos por Arquivo CORREIO

Naquela época, vale lembrar, Salvador era uma cidade murada, e a Estrada da Vitória, para os padrões da época, era considerado um território distante. "Vários comerciantes estrangeiros, principalmente os ingleses, vão querer morar naquele centro antigo, já que as casas do Pelourinho não ofereciam o conforto que eles prezavam", conta Murilo Mello, professor de História da Bahia. 

Com o tempo, os novos habitantes passaram a substituir os antigos sobrados por residências que traduziam os novos costumes de época. A cidade absorvia os impactos da revolução industrial europeia e os novos conceitos de modernidade refletiam nas mansões do Corredor da Vitória, de estilo eclético - com a combinação de elementos arquitetônicos de diferentes épocas. 

A região foi ainda mais valorizada no início do século XX, com o projeto de urbanização do então governador José Joaquim Seabra (1855-1942), o J. J. Seabra. Foi ele o responsável por ligar o que até então era considerado distante através de bondes que saiam da Praça da Sé, cruzavam a Avenida Sete e iam até o Farol da Barra (veja aqui como era o ponto turístico naquela época). 

"O Corredor da Vitória vai ser mais valorizado ainda. E aí, não somente os estrangeiros vão querer morar lá. Famílias importantes, economicamente e politicamente, vão querer morar na região, que passa a ser ocupada por palacetes", acrescenta o historiador. Uma dessas mansões é a da família Wildberger, localizada nos fundos da Igreja da Vitória. Antes pertencente ao Hotel Bom Sejour, o imóvel foi ocupado pela família que atuava no comércio de chocolates produzidos na Bahia, em 1937. 

Em 1996, uma matéria do CORREIO intitulada 'Vitória é a morada predileta da elite' trouxe detalhes da urbanização da região. "Chegaram os grandes comerciantes e fazendeiros, que ergueram verdadeiros palácios, tal qual os barões de café fizeram na Avenida Paulista, em São Paulo", comparou a reportagem na época. 

Farol da Barra por Arquivo/CORREIO

Também na década de 1990, outra matéria falava sobre os sete casarões que resistiam à especulação imobiliária. Um deles, o Solar Cunha Guedes, até hoje é um dos mais conservados do Corredor da Vitória, e recebe grandes eventos de personalidades. Fato é que no final do século XX, uma nova proposta urbanística surgiu para tentar conciliar o avanço dos prédios e a preservação. A principal marca desse processo é a construção de edifícios nos fundos do terreno, com a antiga casa mantida na frente. 

Sete décadas depois de ser construída, a mansão com arquitetura medieval alemã e vista para a Baía de Todos os Santos da família suíça que investiu no chocolate baiano, foi demolida para dar lugar a um dos prédios mais conhecidos de Salvador. Do que era antes, só restou o nome: Mansão Wildberger. O luxo também se manteve, e, neste ano, um dos apartamentos do prédio foi vendido por R$ 55 milhões. 

Tags:

Salvador Corredor da Vitória História