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César Romero ajudou a revelar artistas como Bel Borba, Fátima Tosca e Caetano Dias

Para amigos, artista plástico deixa uma "lacuna nas artes modernas e contemporâneas na Bahia”

  • Foto do(a) author(a) Yan Inácio
  • Yan Inácio

Publicado em 8 de outubro de 2025 às 16:39

Cesar Romero
Cesar Romero Crédito: Divulgação

Morto na noite da terça-feira (7), ao se engasgar enquanto comia em Salvador, o artista plástico César Romero deixou um forte legado com exposições em galerias conceituadas mundo afora. Como articulista e colunista do CORREIO, ajudou a projetar importantes artistas baianos contemporâneos como Bel Borba, Fátima Tosca e Caetano Dias.

O artista Justino Marinho, de 75 anos, destacou a trajetória de Romero nas artes plásticas. “César foi um artista importante, não só por ter divulgado a arte brasileira, mas a arte baiana. Ele foi um ótimo artista. Teve um trabalho muito pessoal dele. Da nossa geração, dos anos 70, é um dos melhores artistas que apareceram. Uma pessoa muito cuidadosa como amigo”, disse.

Amigos próximos, os dois dividiram a capa do segundo caderno no CORREIO por mais de 30 anos. Juntos, os dois entrevistaram grandes artistas da Bahia como Mário Cravo, Carybé, Floriano Teixeira e Emanuel Araujo. “Demos muita força aos artistas baianos. Grande parte dos jovens artistas passaram pelas nossas mãos. Sempre tínhamos um olho afiado para eles. Também demos muito apoio a galerias baianas entrevistando novas marchands”, relembrou.

O restaurador artístico José Dirson Argolo conheceu Romero nos anos 70, na época em que ele, Justino, e outros jovens artistas da época frequentavam o mesmo circuito de exposições frisou a contribuição do artista no ramo nos últimos 50 anos. “Ele deixa uma grande saudade, um vazio muito grande em todos nós que convivemos com ele por tantos anos, e uma lacuna nas artes modernas e contemporâneas na Bahia”, definiu,

Ele também descreveu a trajetória de Romero como pintor. O artista começou a carreira pintando casarios que apresentava em exposições de arte, depois, passou um por uma fase em que pintava santos barrocos, “já com uma linguagem contemporânea”, relembrou Argolo. Um tempo depois passou a pintar “o que chamava de faixas emblemáticas com símbolos do candomblé”. Argolo definiu o trabalho atual de Romero dentro da linha do concretismo.

O velório de César Romero será realizado na manhã desta quinta-feira (9), a partir das 10h, no Jardim da Saudade, em Salvador. A informação foi confirmada por amigos de Romero.

César Romero pintando por Divulgação

Trajetória

Nascido em Feira de Santana em 1950, César Romero de Oliveira Cordeiro iniciou sua carreira de pintor em 1967 e participou de diversos salões e mostras no Brasil e no exterior. Entre as principais exposições internacionais, destacam-se a Primitive Paintings from Bahia, em Washington (1973), e as coletivas em Hannover, Colônia e Berlim, na Alemanha, e em Barcelona, Madri, Bilbao e Lisboa, no início dos anos 1980.

Membro da Association International des Arts Plastiques (AIAP) e da International Association of Art, da Unesco, recebeu em 1979 o título de Personalidade do Ano, Homem Destaque do Nordeste. Em 2001, inaugurou uma grande exposição individual no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), ocasião em que lançou um CD-ROM, dois vídeos e um livro assinado pelo crítico Jacob Klintowitz.

A crítica de arte Matilde Matos, que acompanhou sua trajetória, escreveu que “a arte de César Romero se baseia num constante processo de síntese em torno dos seus símbolos”, e que seu trabalho “leva o espectador a decifrar seus motivos, pois afirma seus temas de modo tão exato, que o seu intento prevalece claro”.

Com técnica limpa e combinações cromáticas marcantes, Romero construiu uma obra singular que atravessou linguagens, estilos e fronteiras, sempre mantendo a Bahia como ponto de partida e de inspiração.